Em 10 anos, custo da construção civil no Ceará subiu 95%
O custo médio do metro quadrado no Ceará fechou dezembro de 2022 em R$ 1.543,57. Em dez anos, se comparados os iguais períodos (2012 a 2022) o valor aumentou 95%. Em 2012, o custo era de R$ 789,67.
Na década, no País, o custo médio do metro quadrado seguiu a mesma tendência e aumentou 96%, passando de R$ 855,64 (em dezembro de 2012) para R$ 1.679,25 (dezembro de 2022). Na comparação, o Ceará ainda apresentou valores menores do que o Brasil.
Os dados são do Índice da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A comparação dos dez anos foi feita por meio da comparação dos dados da série histórica do Sinapi. O custo médio do metro quadrado tem uma divisão feita a partir de dois custos médios, o de material e o de mão de obra.
Historicamente o material utilizado é a parte mais cara da obra. No último mês de dezembro por exemplo, no Ceará, o custo médio do material foi de R$ 974,76 e o da mão de obra R$ 568,81. Ou seja, os componentes utilizados na construção foram 71% mais caros do que o trabalho empregado no período.
Conforme Clausens Duarte, vice-presidente financeiro do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), há uma divisão nítida nos valores de 2012 a 2018 e de 2019 a 2022. No primeiro recorte, ele comenta que a variação anual era de 10%, na média.
“Já, nos anos de 2020, 2021 e 2022, se somados, temos um aumento de 45% no custo médio do metro quadrado no Estado. Isso é reflexo do que vivíamos na época com pandemia e guerra. Estes pontos não atingiram apenas a construção civil, mas sim, a economia como um todo. Esse é um Fenômeno que atravessamos e ainda nos assola.”
Sobre o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), Duarte ressalta que 2021 foi o ano com maior taxa nesta última década, com mais de 13% e que em 2022, o índice voltou a ter apenas um dígito, fechando em 9% no acumulado do ano. “Em sete anos, de 2012 até 2019, o acumulado do INCC chegou próximo de 50%, mas nos últimos três anos, foi cerca de 20%. Isso mostra a subida nos preços, na proporção.”
O vice-presidente financeiro do Sinduscon-CE ressalta, ainda, que é preciso fazer um recorte e olhar atentamente para os últimos três anos, levando em consideração, também, a inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA).
“Nos últimos três anos, não só a construção civil, mas qualquer produto no País teve um aumento no seu preço maior do que o aumento do poder aquisitivo das pessoas e isso impacta nas vendas. Porém, no mercado imobiliário, há outro fator tão ou mais relevante do que o custo, que é a taxa de juros.”
Ele pondera que “muito dificilmente uma pessoa compra um imóvel à vista”. Por isso, a taxa de financiamento faz toda a diferença. “O mundo todo, para tentar combater o desequilíbrio econômico trazido, principalmente pela pandemia, teve que reduzir as taxas de juros. Tivemos um pico histórico de 2%, e isso refletiu nas vendas. O ano de 2021 foi o melhor, em vendas, dos últimos 10 anos.”