Faturamento da indústria de materiais de construção cai 7% em 2022

A indústria de materiais de construção encerrou 2022 com queda de 7% no faturamento, segundo o Índice Abramat, feito pela FGV para a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção.

Em 2021, houve alta de 8,1%. “Sabíamos que não seria igual a 2021, mas não esperávamos uma queda tão grande”, diz Rodrigo Navarro, presidente da entidade.

Inicialmente, a Abramat esperava aumento de 1% no faturamento, o que foi substituído, em outubro, por uma queda de 2,2% e, no mês passado, por um recuo de 6%. Já no início de dezembro, no entanto, o acumulado dos últimos 12 meses apontava para queda de 7,2% no faturamento.

Para 2023, está prevista uma pequena recuperação, com alta de 2% no índice, diz Navarro.

De acordo com o presidente da entidade, os principais fatores para o recuo nos resultados de 2022 foram o endividamento das famílias, a taxa de juros elevada e a inflação em patamar alto, apesar de sob controle.

“Acabaram corroendo o poder de compra”, afirma. Isso afetou principalmente o desempenho do varejo.

As construtoras seguiram com demanda pelos produtos porque estão com obras contratadas de lançamentos feitos desde 2020. Daí a preocupação da entidade com a queda dos lançamentos nos últimos trimestres.

“Precisamos que essa retomada do setor continue, com novas linhas de financiamento”, diz Navarro. Ele destaca que a Abramat está em contato com associações da construção para buscar incentivos.

Em dezembro, o faturamento das associadas da Abramat foi 8,7% menor do que no mesmo mês de 2021. Ante novembro de 2022, a queda foi de 1,9%.

O recuo no faturamento das associadas da Abramat vai em linha com os recuos vistos nas vendas de outros materiais da construção. No mês passado, o Aço Brasil projetava queda de 12% no seu mercado para o ano.

Na terça-feira (10), o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) divulgou queda de 2,8% no volume de vendas em 2022.

Para 2023, Navarro afirma que o tom é de “otimismo moderado e cauteloso”, com expectativa de retomada de obras de infraestrutura e de habitação de interesse social, via o programa Minha Casa Minha Vida, no novo governo.

O custo das matérias primas, que pressionou o setor desde meados de 2020, está estabilizado. As vendas, no entanto, não começaram 2023 no patamar que a entidade esperava, mas o presidente analisa que pode haver um “efeito positivo” ao longo do ano.

Fonte: Valor Globo