Produção industrial recuou 0,6% em agosto, mas com alta no setor de máquinas e equipamentos

A produção industrial brasileira caiu 0,6% em agosto deste ano na comparação com o mês anterior, o que eliminou o avanço de 0,6% registrado em julho. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A indústria também registra quedas de 0,1% na média móvel trimestral de 1,3% no acumulado do ano e de 2,7% em 12 meses. Por outro lado, foi observada uma alta de 2,8% na comparação de agosto deste ano com o mesmo período do ano passado.

A queda de julho para agosto foi puxada por oito das 26 atividades pesquisadas, com destaques para produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,2%), produtos alimentícios (-2,6%), indústrias extrativas (-3,6%) e produtos têxteis (-4,6%).

“Com esse resultado, o setor industrial ainda se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, e 17,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011”, explica o pesquisador André Macedo.

Por outro lado, 18 atividades industriais tiveram alta e impediram um resultado mais negativo para a indústria brasileira, entre eles máquinas e equipamentos (12,4%) e veículos automotores (10,8%).

Duas das quatro grandes categorias econômicas da indústria tiveram queda: bens de consumo semi e não duráveis (-1,4%) e bens intermediários, isto é, os insumos industrializados usados no setor produtivo (-1,4%).

As altas ficaram por conta dos bens de consumo duráveis (6,1%) e dos bens de capital, isto é, as máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (5,2%).

Para Marco Caruso, economista-chefe, e Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, “o número é equivalente a uma alta de 2,8% na comparação com agosto de 2021, refletindo tanto uma base de comparação mais baixa quando a adição de um dia útil a mais este ano (23 dias contra 22 do ano anterior).”

Ainda segundo a análise, “assim como julho teve alta bastante concentrada na indústria de transformação, o recuo em agosto foi similar, com quedas na produção de alimentos (-2,6%) e produtos derivados de petróleo (-4,2%). A baixa na fabricação de coque e derivados do petróleo não era esperada nesta magnitude, já que o setor se beneficia da redução de impostos sobre esses produtos, mas fica mais difícil traçar uma expectativa com os dados de produção/venda da Agência Nacional (ANP) sendo represados pelo segundo mês consecutivo. Entretanto, o desempenho negativo da indústria extrativa (-3,6%), consequência da retração na fabricação de minérios de ferro (conforme apontado pela IAB) e óleos brutos de petróleo, traz uma pressão adicional sobre a indústria. Juntos, os três setores mencionados correspondem a aproximadamente 36% da pesquisa.”

“Do lado positivo, chamaram atenção as altas na produção de veículos automotores, máquinas e equipamentos e produtos químicos (indústria farmacêutica e outros produtos). Esses resultados parecem ter impulsionado também a produção de bens de capital e bens de consumo duráveis em agosto, tanto em termos anuais quanto marginais. Nos índices especiais de produção física de agosto, a continuidade da queda acentuada na produção industrial dos insumos típicos da construção civil (-7,9% em 12 meses) traz um viés negativo para o PIB de investimentos do terceiro trimestre deste ano. Esse resultado, atrelado a notícias de recuos na venda/lançamento de unidades residenciais e empresariais, parece refletir a ideia de um arrefecimento inicial no setor de construção civil, refletindo o peso crescente da política monetária”, diz a análise.

Fonte: Monitor Mercantil