Indústria e construção puxam confiança empresarial, mas comércio é abalado por crise no Rio Grande do Sul
Os setores de indústria e construção impulsionaram a alta, em maio, de 0,2 ponto do Índice de Confiança Empresarial (ICE), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). O indicador se elevou para para 95,8 pontos, maior nível desde outubro de 2022.
Aloisio Campelo, economista da fundação responsável pelo índice, explicou que a melhora na confiança das duas atividades — ambas com altas de 1,2 ponto — foi determinante para segurar parte do impacto negativo dos setores de comércio (-4 pontos) e serviços (-0,6) no mês.
Nesses dois segmentos, os empresários se mostraram mais cautelosos, principalmente no comércio, cujo humor foi afetado pela tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, disse.
A confiança na indústria foi favorecida ainda pela trajetória de redução dos juros básicos. “A queda de juros foi uma ‘lufada de bom humor’ para o empresário de duráveis”, afirmou Campelo.
Na construção, a expansão da confiança foi influenciada pela retomada do “Minha Casa, Minha Vida”, e pelo fato de 2024 ser ano eleitoral, quando se intensifica a atividade no segmento.
Para os próximos meses, o economista avalia que “a política monetária não vai ser mais tão ‘estimulativa’ quanto se pensava”.
“A economia vai entrar em uma rota de crescimento muito lento. Existe a possibilidade de o ICE subir, sim, mas com resultados próximos a uma convergência, a uma neutralidade [variação com taxas próximas a zero]”, comentou.