Indústria brasileira se estagna em abril com queda de pedidos e incertezas no comércio global

A indústria brasileira apresentou sinais de estagnação em abril, com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) da S&P Global recuando de 51,8 em março para 50,3. Este foi o menor nível desde dezembro de 2023 e ficou muito próximo da marca de 50, que separa expansão de contração.
Segundo a diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima, o setor enfrenta um cenário desafiador, com incertezas no comércio internacional, pressões políticas e altos custos de financiamento. “O PMI permaneceu marginalmente em território positivo, mas as condições industriais foram amplamente estagnadas, com sinais de que a indústria pode estar entrando em fase de contração”, avaliou.
Um dos principais destaques foi a queda na confiança dos empresários quanto à produção futura, que atingiu o menor nível em cinco anos. A retração foi atribuída, em parte, à política tarifária dos Estados Unidos e às instabilidades econômicas internas.
O mês de abril também registrou a primeira queda nos novos pedidos à indústria brasileira em 16 meses. A contração foi leve, mas refletiu enfraquecimento da demanda tanto no mercado interno quanto externo. As exportações caíram pela quinta vez em seis meses, com recuo na demanda especialmente no Mercosul e nos EUA.
A produção industrial cresceu pelo terceiro mês consecutivo, mas em ritmo mais lento. Os setores de bens de consumo e intermediários sofreram retrações, enquanto apenas os fabricantes de bens de capital registraram crescimento.
A geração de empregos foi a mais fraca dos últimos quatro meses, pressionada por cortes de custos e falta de novos contratos. Apesar da desaceleração na inflação de custos — que atingiu o nível mais baixo em 11 meses — os preços de insumos como gás natural, aço e fretes ainda subiram. Houve também relatos de descontos nos preços finais, em tentativa de estimular vendas.
Com um cenário de baixa confiança e demanda enfraquecida, o setor industrial inicia o segundo trimestre sob pressão, aguardando mais estabilidade para retomar o ritmo de crescimento.