Construção civil defende uma retomada gradual
Importante indutor do desenvolvimento econômico, a indústria da construção civil gaúcha garante que tem como retomar as atividades gradualmente seguindo protocolos de segurança contra a pandemia do novo coronavírus. Paralelamente, o mercado imobiliário aposta no uso de novas tecnologias para garantir um incremento na comercialização de imóveis e reaquecer um segmento que dava todos os sinais, até meados de março, de que, em 2020, teria desempenho muito positivo. Representantes dos setores participaram de um webinar promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide-RS) na sexta-feira.
A expectativa do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS) é de que, a partir do dia 4 de maio, os canteiros de obras voltem a funcionar normalmente. Atualmente, a maior parte das cidades gaúchas permite a atividade. No entanto, em Porto Alegre, a maioria das obras se encontra parada, com exceção daquelas com fins de saúde, segurança, educação e obras públicas. Essa é uma grande preocupação do setor. A entidade representativa vem realizando reuniões com o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., e também com o governo do Estado para acelerar a flexibilização das exigências.
O presidente do Sinduscon-RS, Aquiles Dal Molin Junior, pontua que a construção civil tem o que chama de “posição privilegiada em termos de contágio”. Isso porque os locais de trabalho são normalmente ambientes abertos, sendo possível evitar o acúmulo de pessoas.
Há 46 anos nesse mercado, o diretor das empresas Wolens Incorporadora e Goldsztein Patrimonial, Ricardo Sessegolo, disse que nunca imaginou que poderia viver uma situação como a de agora – de uma pandemia capaz de parar o mercado global. Porém, com a experiência de quem já encarou cenários preocupantes em nível nacional, Sessegolo revela um horizonte de recuperação.
“Quando teve o Plano Collor, ficamos com R$ 50,00 na carteira e pensamos que tinha acabado o mercado. Não acabou. Em 2008, a crise do subprime norte-americano foi importada e tivemos de adiar todos os lançamentos. Dois anos depois, em 2010, experimentamos um dos melhores anos do mercado imobiliário brasileiro”, recorda, dando uma injeção de ânimo no mercado. Para sobreviver, diz Sessegolo, é preciso tomar conta do caixa, negociar com os fornecedores e apoiar os pequenos empreiteiros que compõem o setor. “Estamos fazendo socorro direto aos pequenos desde que eles assumam o compromisso de não deixar de pagar ninguém”, complementa o dirigente.
Apesar de todos os esforços, Dal Molin Junior acredita que a recuperação só deve vir em 2021. Algo que pode ser feito agora é cuidar do fluxo de caixa, pois, mesmo com o retorno das obras, a comercialização depende de uma retomada da confiança dos consumidores, e as construtoras irão demorar para ver seus investimentos se refletirem em faturamento.
Tecnologia pode ser aliada na venda de imóveis
Além de construir, outro desafio é vender os imóveis na planta ou novos e usados. Para isso, mais do que nunca, será preciso lançar mão das novas ferramentas tecnológicas para conquistar aos clientes.
É no que a One Imóveis de Luxo está apostando. A empresa, fundada em 2014 já com intuito de ser digital, viu as visitas presenciais acabarem de um dia para o outro e até mesmo as visitações diárias no seu site caírem de uma média de 1,5 mil por dia para algo em torno de 900 a partir do dia 20 de março.
A saída, conta Cristiano Cruz, CEO da empresa, foi renegociar os valores a serem ofertados ao consumidor final com as empreiteiras e os proprietários de imóveis à venda, investir em maneiras de publicizar as novidades e começar a realizar reuniões virtuais diariamente com a equipe em home office para mantê-la motivada. O presidente do Sinduscon-RS, Aquiles Dal Molin Junior, complementa que o mercado imobiliário “é um dos primeiros a sentir as dificuldades de uma crise e o último a sair”. “O setor depende, especialmente, da confiança dos consumidores e de um conjunto de situações que trazem a decisão de compra”, salienta.