Construção civil crescerá até 4,5% em 2023
Aquecida em 2022, a construção civil seguirá sua tendência de expansão. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a expectativa é de crescimento de 2,5% – o que colocará o setor pelo terceiro ano consecutivo com alta superior à da economia. Já a Prospecta Analytica demonstrou ainda mais otimismo nas projeções: avanço de 4,5% no ano.
Entre os principais fatores responsáveis pelo bom momento do segmento estão a recuperação pós-pandemia, a desaceleração dos custos de materiais de construção e a melhora da economia brasileira. Além disso, a consistência apresentada nos últimos dois anos e a alta demanda do mercado imobiliário possuem grande influência nesta conjuntura.
A divergência entre as projeções de crescimento do setor se deve à expectativa com a política econômica do novo governo. Quem ditará o desempenho da construção civil será o desempenho da política fiscal – que influenciará no preço do dólar e na taxa Selic.
Investimento – Além disso, o investimento no Minha Casa, Minha Vida é outro elemento importante. O Ministro das Cidades Jader Barbalho Filho garantiu o investimento de R$ 10 bilhões de reais no programa habitacional em 2023.
“Para fazer com que o país cresça realmente, para que que ele tenha desenvolvimento social, desenvolvimento humano, é necessário investimento para gerar resultado futuro para as pessoas”, explica o presidente da CBIC José Carlos Martins. Segundo ele, os resultados práticos começarão a ser vistos a partir do segundo semestre.
Outro ponto apontado por Martins é a necessidade de aumentar a participação da construção civil no PIB, o que diminui na última década – de 6,5% em 2012 para 3,3% em 2021. Nas economias mais desenvolvidas, o setor é responsável por 7% do PIB.
Desaceleração do Índice Nacional de Custo da Construção aquece o setor
Mensurado pela FVG, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) fechou o ano com desaceleração. Com alta de 9,4%, está abaixo do crescimento de 13,84% de 2021. Segundo a instituição, houve uma inversão dos fatores que influenciam nos custos.
Esta desaceleração se traduziu nos preços de materiais de construção, equipamentos e serviços, que representam 7,23% do INCC-M em 2022. No ano anterior, eles representavam 21,45% do índice.
Segundo o economista da LCA Consultores Fábio Romão, os custos de preços industriais subiram com dificuldades nas cadeias produtivas nos dois anos de pandemia de Covid-19. “Isso tem passado por um rearranjo no segundo semestre de 2022 e acreditamos que continuará em 2023”, diz.
Já a mão de obra se mostrou o fator que mais influenciou o índice, correspondendo a 11,76% em 2022 – um aumento em relação aos 6,95% do ano anterior. “Ela foi ficando mais cara, muito por conta dos acordos coletivos, que regem os aumentos dos salários”, explica a coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre Ana Maria Castelo.
Segundo ela, ambos os custos com materiais de construção e mão de obra devem ter variações próximas da inflação esperada para 2023 – que deve ficar em torno de 5%.