Indústria pode ser protagonista da bioeconomia no Brasil
A indústria reúne todas as condições para ser a protagonista da bioeconomia no Brasil, já que é responsável por inúmeras inovações baseadas no uso sustentável dos recursos naturais em setores como biocombustíveis, alimentício, de medicamentos, de bioinsumos, têxtil, entre outros.
A afirmação foi feita pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, durante a abertura do Fórum Bioeconomia e a Indústria Brasileira realizado na semana passada.
“A bioeconomia pode ser uma estratégia eficiente para o país alcançar um ritmo de crescimento consistente, proteger o meio ambiente, se destacar no combate às mudanças do clima e ser líder mundial do desenvolvimento sustentável”, declarou.
Andrade ressaltou que o Brasil tem vocação para ser líder global da bioeconomia por ser dono da maior biodiversidade do planeta, com 20% das espécies, e ter 60% do território coberto por florestas, 12% das reservas de água doce do um mundo e uma zona marítima de quase 4 milhões de quilômetros quadrados.
Além disso, o país conta com uma agroindústria moderna, eficiente e muito produtiva, um setor industrial diversificado e excelência em diversas áreas de pesquisa.
“Nosso desafio é transformar essas inquestionáveis vantagens comparativas em ganhos de competitividade, que ajudem a promover o crescimento econômico sustentável, e gerem emprego e renda para todos os brasileiros”, afirmou o presidente da CNI.
Segundo ele, para o avanço da bioeconomia, o país tem de aumentar os investimentos em inovação, ciência, tecnologia e educação de qualidade em todos os níveis.
“Precisamos ainda definir uma política nacional, com regras estáveis, objetivos claros e instrumentos adequados, que ofereçam segurança jurídica e incentivem os empreendimentos em atividades dessa promissora área de negócios”, destacou Robson Andrade.
Prioridades para o avanço da bioeconomia
Durante o evento, foi divulgada a Agenda de Bioeconomia da CNI que traz propostas e um plano de ação para o avanço do setor.
Além do aumento de investimentos em inovação e da criação de uma política nacional de bioeconomia, a CNI propõe agilizar a ratificação do Protocolo de Nagoia, que estabelece normas internacionais sobre a repartição de benefícios pelo uso dos recursos naturais.
“É preciso agora concluir o processo de ratificação desse importante instrumento, que estimulará a conservação dos recursos naturais, especialmente na Amazônia, e valorizará a imagem do país no exterior”, defendeu Robson de Andrade.
A opinião foi compartilhada pelo embaixador Ignacio Ybáñez, chefe da delegação da União Europeia no Brasil. Segundo ele, o país tem uma oportunidade de promover o desenvolvimento econômico sustentável com respeito à biodiversidade e destacou que representantes do bloco econômico europeu vem acompanhando as ações na área, entre as quais, o trabalho do Conselho de Desenvolvimento da Amazônia.
“Para ter credibilidade no exterior, não basta apenas ter regulamentação, é necessário o cumprimento efetivo delas”, afirmou Ybáñez, que defendeu a conservação da biodiversidade aliada ao desenvolvimento econômico e social, em especial da Região Amazônica.
O embaixador europeu destacou ainda que a União Europeia atualizou em 2018 a estratégia para a bioeconomia do bloco econômico com base nos princípios de sustentabilidade e circularidade.
Também reiterou o compromisso com o Acordo de Paris, que prevê metas voluntárias de redução de emissões de gases de efeito estufa, no Acordo Verde Europeu (Green Deal). “Esperamos que a bioeconomia dê uma contribuição significativa para a recuperação verde”.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, disse que é fundamental usar a riqueza do país em recursos naturais para gerar riquezas para sua população. “A bioeconomia não é o futuro, é o presente. Antes dizia-se que deveríamos escolher entre natureza e progresso. Hoje há certeza de que a natureza é o progresso”, sentenciou.