Taxa do aço preocupa trabalhadores do Ceará

No momento, não há sinalização de demissões, mas os metalúrgicos já estão discutindo o assunto.

 No acumulado de 2018, o Ceará exportou US$ 177,45 milhões em produtos semifaturados de ferro e aço, crescimento de 6,8%.

Os trabalhadores das empresas do setor metalmecânico do Ceará estão acompanhando com atenção os movimentos para um possível cenário de cortes no quadro de empregados das siderúrgicas. Apesar de ainda não haver sinalização de demissões, os metalúrgicos já começaram a se articular para discutir o assunto, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobretaxar em 25% a tarifa nas importações de aço e de 10% nas de alumínio.

Os trabalhadores das empresas do setor metalmecânico do Ceará estão acompanhando com atenção os movimentos para um possível cenário de cortes no quadro de empregados das siderúrgicas. Apesar de ainda não haver sinalização de demissões, os metalúrgicos já começaram a se articular para discutir o assunto, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobretaxar em 25% a tarifa nas importações de aço e de 10% nas de alumínio.

“Isso ainda é uma incógnita para a gente. Marquei uma reunião na última quarta-feira com o setor jurídico da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), mas eles tiveram de adiar. O fato é que a gente ainda não sentou com a direção da empresa para saber como ficará nossa situação bem como a nossa negociação da campanha salarial”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Ceará (Sindmetal/CE), Fernando Chaves.

Ainda de acordo com Chaves, a CSP emprega atualmente cerca de seis mil trabalhadores, entre próprios e terceirizados. “São 2.600 metalúrgicos da CSP, mas contando com todo o agrupamento de terceirizados chega perto de seis mil”, afirma.

O presidente do Sindmetal também diz que a produção na CSP continua normalmente. “Na verdade, eles têm a produção para os próximos 20 anos. Já está tudo negociado para o mercado estrangeiro. A CSP exporta 80% da produção e o restante fica no Ceará, segundo eles. Ou seja, a companhia tem um mercado garantido para os próximos anos”, explica.

Chaves também afirma que, por enquanto, a crise não chegou na CSP. “Esse gráfico da crise do aço ainda não chegou aqui. As demissões são muito pontuais. Não houve demissão em massa”, acrescenta. Em operação parcial desde 2016, a CSP, que é uma sociedade entre a Vale e as coreanas Dongkuk e Posco, foi inaugurada oficialmente há um ano. Na época, o governo do Ceará tinha a expectativa de que CSP, em sua capacidade plena, chegasse a representar 12% do PIB do Estado.

A CSP informou que “acompanha permanentemente com atenção o cenário do mercado internacional, que teve como fato mais recente a imposição da sobretaxa dos Estados Unidos ao alumínio e ao aço importados por aquele país. No que se refere à sobretaxa imposta pelo governo dos Estados Unidos, o tema está sendo tratado pelo representante nacional do setor siderúrgico, o Instituto Aço Brasil (IABr), que acompanha o assunto junto ao governo federal”.

Em nota, a Companhia Siderúrgica do Pecém também disse que “produz e exporta para mais de 20 países, mantendo sempre o respeito aos seus clientes, empregados, fornecedores, parceiros e às comunidades onde a siderúrgica está inserida”.

Além da CSP, a Gerdau também possui uma unidade no Ceará, localizada em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. Procurada pela reportagem, a companhia informou que no momento não está comentando sobre a sobretaxa imposta pelos Estados Unidos.

Produção

As exportações cearenses de aço devem ser afetadas caso a medida de protecionismo dos Estados Unidos seja levada adiante sem exceções para o Brasil.

Segundo informações do Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), as vendas do setor metalmecânico para os Estados Unidos atingiram o patamar de US$ 51,9 milhões no acumulado de 2018, crescimento de 154,4% em relação a igual período do ano passado. Isso significa que os norte-americanos lideram o ranking de países que mais compram ferro fundido, ferro e aço do Estado nos dois primeiros meses deste ano.

Em 2017, os Estados Unidos ficaram entre os três países que mais importaram os produtos do setor metalmecânico do Ceará. Dados do Centro apontam que o país norte-americano comprou do Estado cerca de US$ 155,6 milhões no ano passado, configurando na terceira posição entre os maiores parceiros comerciais do Ceará naquele ano.

De acordo com informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), o Ceará exportou no acumulado deste ano cerca de US$ 177,45 milhões em produtos semifaturados de ferro e aços, crescimento de 6,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O valor representa 53% do total exportado pelo Estado no período analisado.

O México tem grande relevância no comércio dos produtos do setor metalmecânico para o Ceará. No ano passado, o país ficou em primeiro lugar no ranking entre os parceiros do Estado, comprando US$ 255,4 milhões em ferro e aço, um crescimento de mais de 1.000% em relação ao ano de 2016.

De acordo com os dados do Centro Internacional de Negócios, no acumulado de 2018, o México importou mais de US$ 20,3 milhões em produtos do setor metalmecânico, uma alta de 1.765,7% na comparação com o mesmo período de 2017.

Caso na Coreia

A sul-coreana Dongkuk Steel, uma das sócias da CSP, informou, ontem (15), que suspenderá temporariamente as exportações, a partir da Coreia, para os Estados Unidos a partir de abril. Um porta-voz da companhia disse que a siderúrgica colocou em espera as exportações de abril, enquanto o governo sul-coreano afirmou que segue pedindo que o aço do país seja isento da taxação nos Estados Unidos.

A Dongkuk Steel vendeu cerca de US$ 122,29 milhões em produtos de aço para os Estados Unidos no ano passado, o equivalente a cerca de 4% das vendas totais, de acordo com a empresa.

Questionada se a CSP seria afetada por essa decisão a companhia informou que “não trata de questões referentes aos acionistas da empresa”.

Fonte: Diário do Nordeste