Sustentabilidade: O Impasse dos Resíduos

Após dez anos da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, as iniciativas de coleta seletiva ainda são incipientes, enquanto os índices de reciclagem permanecem estagnados

A produção crescente de resíduos e o modo como são descartados constituem um problema que afeta diversos países do mundo, elevando-se ao topo das preocupações não só de ambientalistas, mas de toda a sociedade. E não é para menos.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), atualmente são produzidos mais de 2 bilhões de toneladas/ano de resíduos no mundo. No Brasil, a questão também é preocupante. Segundo estudo realizado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), o país é hoje o quarto no mundo que mais produz lixo, atrás apenas dos EUA, China e Índia.

Em 2010, o país aprovou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – via Lei Federal no 12.305/2010, justamente para enfrentar a criticidade da situação. Todavia, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), após nove de anos de sua efetivação o instrumento infelizmente ainda não trouxe grandes avanços na questão.

É o que revela Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe, destacando que, de 2010 para cá, a produção de lixo no país passou de 61,9 milhões de ton/ano para 78,4 milhões de ton/ano, em um aumento expressivo de 28%. Ao mesmo tempo, a coleta dos resíduos gerados manteve-se estagnada na casa dos 90%, o que representa 7 milhões de ton/ano ainda fora do sistema de coleta regular e que acabam abandonados no meio ambiente.

Além disso, mais de 36 milhões de ton/ano de material descartado seguem diretamente para lixões, poluindo o meio ambiente e impactando diretamente a saúde da população. “Do volume de resíduos – secos e úmidos – coletado nas residências, cerca de 60% seguem misturados e são dispostos em aterros sanitários”, diz Silva Filho. “Mas, desde 2014, os aterros só deveriam receber rejeitos, que são resíduos sem nenhum potencial de reaproveitamento.”

Fonte: Revista Construa