Setor de caminhões puxa investimentos

Os investimentos produtivos do país aceleraram no acumulado em 12 meses entre abril e maio, de uma alta de 2,7% para 4,2%, mas devem fechar o ano com um avanço mais modesto, de 1,6%

Os investimentos produtivos do país aceleraram no acumulado em 12 meses entre abril e maio, de uma alta de 2,7% para 4,2%, mas devem fechar o ano com um avanço mais modesto, de 1,6%.

É o que estima o técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Leonardo Mello de Carvalho, para o resultado da Formação Bruta de Capital Fixa (FBCF, investimentos) em 2019. No ano passado, o indicador registrou aumento de 4,1%.

Um dos principais fatores que incentivou a aceleração de abril para maio foi a expansão da produção interna de máquinas e equipamentos (um dos componentes da FBCF), com destaque para a alta na fabricação de caminhões.

“As empresas estão substituindo os serviços terceirizados de transportes por frotas próprias de caminhões. Isso tem acontecido porque o preço mínimo do frete elevou muito o custo desses serviços”, informa o especialista do Ipea.

Carvalho detalha que entre maio e dezembro de 2018, a produção interna de máquinas caiu 7,3%, puxada pelo recuo da confiança após a greve dos caminhoneiros. Porém, essa queda foi devolvida com um avanço de 7,7% na dinâmica do setor, entre janeiro e maio de 2019.

“É um pouco surpreendente, tendo em vista que a atividade continua bastante lenta”, diz Carvalho. Questionado sobre se as perdas financeiras da greve dos caminhoneiros podem ter influenciado a decisão das empresas de montarem frota própria, o pesquisador afirma que isso pode ter sido decisivo sim.

“Não dá para medir qual foi o peso exato da greve na decisão das empresas. Porém é intuitivo pensar que o acontecimento deixou muito claro quais são os riscos e os custos que uma greve dos caminhoneiros pode provocar para todo o sistema produtivo”, reflete Carvalho.

Financiamento

Por outro lado, o pesquisador indica que as condições de financiamento para a aquisição de caminhões também explica uma maior atividade do setor nos primeiros meses de 2019.

“Há ainda um efeito positivo vindo do agronegócio, mais especificamente do transporte de grãos para fins de exportação”, acrescenta.

Fonte: Revista Construa