PIB mostra indústria de transformação em situação delicada, avalia Fiesp

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) avaliou, nessa sexta-feira (1º), que o PIB divulgado pelo IBGE aponta para uma indústria de transformação em situação delicada. Os dados do quarto trimestre de 2023 mostram que a indústria teve crescimento de 1,6% ano passado, mas, ao observar o setor por dentro, é possível identificar que o desempenho positivo foi puxado pela expansão de 8,7% da extrativa e de 6,5% em serviços públicos, como eletricidade, gás, água e esgoto – enquanto construção caiu 0,5% e a indústria de transformação recuou 1,3%.

“É uma economia puxada pelo agro e pela indústria extrativa, que são setores primários. Ambos são muito importantes, mas uma cadeira não fica em pé só com uma perna”, diz Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp.

“Quando pensamos em crescimento sustentável, de longo prazo, para sair da média e virar país de renda alta, a composição do PIB é muito preocupante. A indústria de transformação está em situação delicada.”

Rocha destaca que, nos últimos dez anos até o fim de 2023, a indústria de transformação fechou sete anos em queda. Ele reclama que a carga tributária sobre o setor é maior entre todos os setores e demonstra pessimismo com o caminho traçado para a definição das alíquotas dentro da reforma tributária.

“Nós apoiamos e continuamos apoiando a reforma tributária porque ela, de fato, simplifica o sistema tributário em alinhamento com as melhoras práticas internacionais. Irá melhorar custos indiretamente. O problema é que a indústria de transformação continuará pagando a maior alíquota e não faz sentido”, reclama o economista-chefe da Fiesp.

“A economia reage a incentivos e a brasileira está reagindo exatamente aos incentivos colocados a ela. É uma pena, sobretudo no momento em que a indústria de transformação está no holofote global. Poderíamos estar aproveitando o ritmo da transformação ecológica e energética, mas vemos um enfraquecimento relevante no momento em que deveria estar sendo fortalecida para aproveitar esse momento único que é oportunidade para o Brasil”, acrescenta Rocha.

Para 2024, a Fiesp espera crescimento de 1% da indústria de transformação, mas a projeção está longe de gerar otimismo no economista da entidade.

“Nós não temos as mesmas linhas de crédito que outros setores têm e temos que pagar a maior alíquota da economia brasileira”, diz ele, ressaltando que o setor passa por uma longa defasagem tecnológica que prejudica tanto a indústria quanto os demais setores da economia brasileira.

“Ver crescimento de 1% em 2024 é melhor do que essa queda de 2023, mas, olhando para as sete quedas anuais dos últimos dez anos, está claro que estará longe de trazer um ambiente virtuoso para o país”, conclui Rocha.

Fonte: Valor Econômico