País precisa reciclar resíduos da construção

Aproximadamente 98% do resíduo gerado pela construção civil podem ser reciclados, mas falta de informação e ações proativas fazem com que apenas 21% sejam reaproveitados

Se o resíduo gerado na construção em um único dia fosse reciclado – e 98% são plenamente reversíveis – seria possível construir 2.134 Maracanãs. A informação é da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), que estima uma produção diária de 520 kg de resíduos por habitante no país – valor em consonância com o índice do Ministério do Meio Ambiente.

Porém, das cerca de 290 toneladas de entulho geradas diariamente no país, apenas 21% são reciclados. E, ao contrário do que se possa imaginar, os principais responsáveis por isso não são as obras de maior porte.

“As grandes obras, feitas por grandes construtoras, sofrem bastante fiscalização por parte dos órgãos públicos e têm políticas de sustentabilidade”, explica o engenheiro ambiental do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea/PR) Luiz Guilherme Grein Vieira.

Além disso, essas empresas têm interesse em ter empreendimentos com certificação de sustentabilidade, o que exige medidas para redução dos impactos ambientais da obra e do produto final, incluindo metas de reciclagem de resíduo.

O problema, então, recai sobre o pequeno gerador de entulho. “Trata-se do pessoal que faz uma reforma no fim de semana, ou que está construindo uma laje em casa sem alvará de construção ou engenheiro responsável e, obviamente, com poucos recursos”, aponta Vieira.

Aliás, dados do Comitê de Incentivo à Formalização na Construção Civil indicam que aproximadamente 50% das obras no Brasil são irregulares, ou seja, não possuem responsável técnico e/ou possuem trabalhadores sem vínculo empregatício.

De acordo com o presidente da Abrecon, Hewerton Bartoli, essas as obras produzem entre 60 a 70% dos resíduos da construção civil – que têm grande probabilidade de ser descartado de maneira incorreta.

De acordo com os especialistas, um motivo para isso é a falta de educação ambiental dos próprios produtores de entulho.

Fonte: Revista Construa