Obras públicas e de infraestrutura devem alavancar construção civil em 2021

Embora tenham visões diferentes sobre as necessidades e prioridades para a construção civil no ano de 2021, empresariado e trabalhadores concordam que 2021 deverá ser um ano de retomada para o setor no
Espírito Santo. Após um 2020 caótico para todos os setores por conta da pandemia, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) aposta no maior crescimento da construção civil nos últimos 8 anos, com uma previsão de 4%.

Para o Secretário Geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Espírito Santo (Sintraconst-ES), Paulo César Borba, obras de infraestrutura, sobretudo, irão puxar o crescimento do setor.

“A expectativa é de crescimento, apesar de uma situação não muito boa para a compra de lojas e apartamentos, por exemplo. Mas, por outro lado, a necessidade por obras de infraestrutura é gritante. Enxergo além da infraestrutura o retorno da Samarco, que indiretamente impulsiona o setor e também a valorização das commodities de minério de ferro que fazem a Vale e a Samarco impulsionarem o setor. Já houve a contratação de mais de 1.000 trabalhadores”, afirmou.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscom-ES), Paulo Baraona, também aposta em um crescimento do setor em 2021.

“A expectativa é de crescimento, apesar das ameaças. A área de tecnologia e novas modelagens podem ajudar puxar esse crescimento em uma nova maneira de pensar a sociedade. É importante também haver um grande trabalho dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) para destravar a burocratização no país, precisamos modernizar nesse aspecto. Só gera emprego e recursos se tivermos uma iniciativa privada atrativa e possibilidade de rapidez para um investidor e, nesse momento, precisa gerar emprego para sair da crise”

Baraona também disse torcer para que o Governo Federal, com a nova composição na Câmara e no Senado, possa promover novas reformas. “É preciso que aconteçam reformas do Governo Federal para dar confiança. Temos uma expectativa de reformas tributária, fiscal e administrativa para possibilitar uma recuperação gradativa do setor, mas obviamente isso depende de muitos fatores”

Ainda em relação às expectativas, o presidente do Sinduscom-ES afirmou que a crise no setor da construção civil capixaba já dura pelo menos cinco anos. Segundo ele, desde 2013 houve uma redução de mais de 50% no setor, mas desde o final de 2020, a recuperação já acontece.

No terceiro trimestre, por conta de juros muito baixos e aplicações financeiras de rentabilidade pequena, os investidores se voltaram para a construção civil. Investimentos de bancos não tradicionais e algumas
obras públicas também contribuíram para esse pequeno aquecimento que começou ainda no final de 2020

2020 de perdas

Baroana afirma que 2020 foi um ano muito complicado e que a pandemia foi um grande baque. Para o presidente do Sinduscom-ES a expectativa inicial de recuperação e crescimento era para o ano que passou, mas com a pandemia houve uma retração grande embora tenha sido um dos setores que menos sofreu porque não parou. Entre os problemas, ele ainda destaca o desaquecimento da área de vendas e a parada do setor industrial e das obras públicas.

“Além disso, tivemos problemas com alguns protocolos adotados para a mão-de-obra, muitos funcionários que fazem parte do grupo de risco acabaram sendo afastados do trabalho”, completou.

Para Paulo Cesar Borba a desvalorização da profissão foi um dos fatores que contribuiu para as dificuldades do ano de 2020. “É lamentável o que aconteceu em 2020 porque não tivemos reajuste e boa parte da categoria sofreu com isso, tivemos muitos impactos”, afirma.

Fonte: Jornal ES Hoje