Mercado de imóveis entre em sinal de alerta durante a pandemia

Mais da metade das empresas do setor da construção civil (56%) registraram vendas de imóveis durante a pandemia do novo coronavírus. Em cerca de 35% delas, inclusive, as negociações foram iniciadas após o último dia 20 de março, período no qual medidas de isolamento social já haviam sido iniciadas (para posteriormente serem reforçadas) em diversas localidades do país. No total, 3.870 unidades foram comercializadas já dentro do cenário de enfrentamento à Covid-19.

“Não há dúvida de que é mais complicado, mas há vida neste momento”, resume Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Inteligência Corporativa, responsável pela 2ª edição da pesquisa “Covid-19: impactos e desafios para o mercado imobiliário”, divulgada nesta quinta-feira (7).

Ainda segundo o levantamento, os pedidos de distratos atingiram 45% das 540 empresas ouvidas pelo estudo, realizado entre os dias 25/04 e 04/05, sendo que 52% deles tiveram a pandemia como principal motivação.

O sinal de alerta mais expressivo para o setor, no entanto, vem da intenção de compra. 53% dos 600 entrevistados – integrantes de um grupo que havia sinalizado o desejo de adquirir um imóvel no período pré-coronavírus, entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020 – afirmaram ter desistido da compra, contra 47% dos que mantêm a decisão de adquirir o imóvel. Em março, quando a 1ª edição da pesquisa foi divulgada pela Brain, os porcentuais eram praticamente inversos: 55% dizia manter o desejo de fechar negócio, contra 45% que tinha declinado da intenção. As incertezas relacionadas às questões econômicas estão entre os principais fatores que pesam na decisão pela desistência. Entre elas estão: a duração da pandemia (46%), a manutenção do emprego ou renda (24%) e a perda de renda (20%).

“Nós perdemos 45% da demanda potencial em março, o que era um número bom [diante do cenário], que não denotava pânico, mas que levou a intenção total de compra para 24%, frente aos 43% do período pré-pandemia [porcentual dos que manifestaram o desejo de compra entre todos os ouvidos na pesquisa realizada na ocasião]. Agora, a redução de 53% [registrada na 2ª edição da pesquisa], trouxe este índice para 20%”, detalha Araújo. “Nossa avaliação é a de que estamos chegando ao piso do que é possível cair, ao basal da intenção de compra no Brasil”, avalia.

Entre os fatores que pesariam em uma possível mudança de decisão em favor da compra, o destaque fica para a redução do preço do imóvel, que motivaria uma reavaliação por parte de 15% dos entrevistados. Questões relacionadas às características do bem (tipo ou configuração) foram citadas por apenas 4% dos potenciais clientes ouvidos pelo estudo.

Adiamento

Já dentro do grupo de pessoas que postergaram a decisão de compra, 41% planejam adiá-la dentro de 6 meses (12%) ou 12 meses (29%). No levantamento de março, estes índices somavam 29%. Outros 20% planejam efetuá-la em um período entre 12 e 24 meses. Assim como no critério sobre a retomada do interesse pela compra, aqui o valor do imóvel também aparece como primeiro fator que influenciaria a antecipação dos negócios (54%), seguido por condições de pagamento favoráveis (44%), entre os 52% dos entrevistados que se mostraram dispostos a rever seus planos.

Fonte: Gazeta do Povo