IPP, inflação da indústria, tem queda de 0,66% em março

IPP de março, considerado a inflação da indústria, registrou queda de 0,66%,  segundo mês seguido de deflação – em fevereiro, o resultado do Índice de Preços ao Produtor havia registrado queda de 0,30%. O acumulado no ano também atingiu -0,66%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses é de -2,32%.

IPP de março: números mensais

Desde setembro de 2019, o IPP não registrava uma deflação acumulada em 12 meses e a taxa registrada em março é a mais intensa em toda a série histórica, segundo os dados do IPP de março divulgados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE.

IPP de março: refino de petróleo lidera baixa

Os números mostram que, em março, 12 das 24 atividades industriais investigadas na pesquisa tiveram variações negativas em relação a fevereiro.

As variações mais intensas foram:

  • refino de petróleo e biocombustíveis: -4,10%
  • papel e celulose: -2,42%
  • outros produtos químicos: -1,41%

Refino de petróleo e biocombustíveis foi o setor industrial de maior destaque na composição do resultado agregado na comparação mensal. A atividade foi responsável por -0,48 ponto percentual (p.p.) de influência na variação total da indústria geral.

Ainda nesse quesito, outras atividades que também se destacaram foram outros produtos químicos, com -0,12 p.p. de influência, alimentos (-0,11 p.p.) e papel e celulose (-0,08 p.p.).

“Refino é o grande destaque a influenciar o resultado do mês, mas também é central para compreender um movimento mais duradouro de recuo nos preços industriais que vem acompanhando a dinâmica das commodities no mercado internacional”, afirma o gerente do IPP, Felipe Câmara.

Segundo ele, um dos fatores a considerar na análise do cenário é a “base de comparação”, uma vez que os preços das commodities e insumos importados apresentaram, por razões diversas, altas acentuadas durante a pandemia, seguidas por um movimento continuado e significativo de redução nas commodities, impactando cadeias e setores “chave” na disseminação e determinação de preços na indústria doméstica. É o caso da cadeia derivada do petróleo ou da fabricação de alimentos, por exemplo.

“Isso ajuda a explicar a deflação na porta da fábrica. O barril do petróleo está em trajetória de queda desde o segundo semestre de 2022. Vale destacar que ele é o principal insumo da indústria de refino. Outras commodities em queda são os fertilizantes, que integram o setor de outros produtos químicos. Desde meados de 2022, os preços internacionais de fertilizantes e nafta vinham apresentando trajetória de queda, essa combinação foi muito importante em determinar os preços na indústria química”, apontou o analista do IBGE.

IPP de março: safra reduz preço de alimentos

No caso dos alimentos, as reduções de preço vêm sendo associadas a aumentos na oferta de produtos com grande peso no setor. Em meses anteriores, carne e leite foram protagonistas nesse sentido, e em março foram os derivados da cadeia da soja os destaques em pressionar para baixo os preços ao produtor.

“Os preços do grão, do farelo e do óleo estão em queda, e essa redução pode ser associada ao período de colheita de uma safra expressiva”, completa Câmara.

Já nas indústrias extrativas, apesar do resultado positivo no mês corrente (devido à alta nos preços do minério de ferro), o índice no acumulado em 12 meses é de -20,31%.

A redução nos insumos industriais vem tendo seu efeito sobre os preços dos bens para consumo final. “A inflação acumulada em 12 meses na Indústria Geral está em -2,32%, mas, nos bens intermediários, está em -6,31%. E, é importante perceber que nesse período, os bens de consumo vêm numa desaceleração contínua. Hoje a categoria está em 2,46% em 12 meses, a taxa mais baixa desde 2019. Podemos perceber que há transmissão de preços para a ponta da cadeia”, ressalta Câmara.

IPP de março: números setoriais

Fonte: IBGE