Indústria europeia de equipamentos desafia as probabilidades

Divulgado na quinta-feira (2), o Índice de Clima Empresarial do CECE (Committee for European Construction Equipment) aponta perspectivas otimistas após a realização da bauma, em outubro.

“Em 2022, as condições econômicas mudaram completamente em comparação ao ano anterior”, comentou Alexandre Marchetta, presidente do CECE.

“Neste contexto, é notável que a indústria de equipamentos de construção esteja indo tão bem, graças especialmente às robustas carteiras de pedidos”, observou.

Mesmo com o alívio da inflação, como é previsto, o aumento das taxas de juros e as persistentes dificuldades da cadeia de abastecimento ainda pressionam o setor, disse o executivo durante o evento on-line CECE Market Update.

“Nossa situação está longe da normalidade e, por isso, devemos usar todas as nossas forças para superar os obstáculos que se interpõem em nosso caminho”, ressaltou.

Em perspectiva, a resiliência da indústria europeia de equipamentos de construção é notável, avaliou Marchetta, apoiada pela estabilidade na maioria dos setores, mas ainda assim acuada por uma “mistura tóxica de inflação, contínuas interrupções na cadeia de fornecimento e preocupações com a economia mundial”.

A situação se reflete na percepção da indústria, como aponta o Barômetro de Negócios do CECE, mostrando que os índices de confiança no setor caíram moderadamente durante o ano, conforme o desenrolar das consequências econômicas da guerra na Ucrânia, mas se recuperaram em novembro, após a realização da bauma, em Munique.

Resultados – Em 2022, as vendas na Europa antingiram praticamente aos mesmos níveis do ano anterior, registrando um leve declínio de -0,6%.

“Isso mostra a situação robusta da demanda na Europa: sem as contínuas interrupções na cadeia de fornecimento, o mercado teria vivido mais um ano de crescimento”, afirmou o presidente do CECE.

Levando em consideração as consequências econômicas da guerra na Ucrânia, o quadro parece ainda mais positivo. Excluindo a Rússia, onde o mercado caiu -37% como resultado das sanções ocidentais, as vendas avançaram quase +3% em 2022.

O relatório econômico do CECE evidencia que os subsegmentos também tiveram um desempenho homogêneo, com tênues oscilações. As vendas de máquinas rodoviárias registraram aumento mínimo de +1%, enquanto guindastes de torre e equipamentos de terraplenagem amargaram quedas de -1% e -2%, respectivamente.

Já o desempenho de -0,5% em máquinas leves e compactas foi ligeiramente melhor que o do segmento de máquinas pesadas, que caiu -2%.

“As diferenças regionais não desempenharam um papel decisivo no ano, já que a maioria das principais regiões do mercado apresentou taxas de crescimento ou declínio muito pequenas”, disse Marchetta.

“O sul da Europa foi exceção, com +12% de crescimento nas vendas. E a Turquia foi o país que apresentou o resultado mais positivo, com cerca de +40% de crescimento”, detalhou.

Perspectivas 2023 – Atualmente, 60% dos fabricantes europeus ainda relatam atrasos de mais de quatro meses nos pedidos.

O quadro confirma que, ao menos no 1º semestre, a situação é “segura” em termos de ocupação da capacidade e vendas.

“Já para o segundo semestre, as taxas de juros mais altas aplicadas para reduzir a inflação devem pesar nas perspectivas de construção de edifícios”, alertou o executivo.

Fonte: RevistaMT