Indústria do Brasil termina 2022 em contração sob peso de incertezas, mostra PMI

Indústria do Brasil termina 2022 em contração sob peso de incertezas, mostra PMI
Indústria do Brasil termina 2022 em contração sob peso de incertezas, mostra PMI

O setor industrial do Brasil encerrou 2022 com fraqueza, uma vez que a terceira queda seguida das novas encomendas provocou o declínio mais forte da produção em dois anos e meio, em meio a incertezas fiscais e econômicas, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).

A S&P Global divulgou nesta segunda-feira que seu PMI para a indústria do Brasil ficou em 44,2 em dezembro, quase inalterado ante 44,3 em novembro, mas sinalizando a segunda deterioração mais forte no setor desde maio de 2020, quando a economia enfrentava a pandemia de Covid-19.

Dezembro foi o segundo mês seguido em que o índice ficou abaixo de 50, marca que separa crescimento de contração, e a média do quarto trimestre foi a mais fraca desde o segundo trimestre de 2020, segundo a S&P Global.

“A pesquisa nos mostra que clientes e produtores continuam ansiosos em relação às políticas públicas futuras e à resiliência da economia”, disse Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence. “As empresas brasileiras se mostraram cautelosas com suas expectativas e focaram no aqui e agora.”

Os fabricantes de bens reduziram a produção em dezembro devido ao volume mais baixo de vendas, marcando a queda mais forte em dois anos e meio. As empresas indicaram que as incertezas em torno das políticas públicas e econômicas afetaram as vendas no último mês do ano, com os clientes muitas vezes cancelando ou adiando as compras.

As vendas para exportação voltaram a pesar nos novos negócios, com essas encomendas registrando uma das maiores quedas desde o início da coleta de dados, há 17 anos. Os entrevistados citaram demanda mais fraca de clientes na América Latina, Europa e Estados Unidos.

Diante desse cenário, os empresários do setor da indústria voltaram a reduzir as folhas de pagamento, com queda do emprego no ritmo mais forte em dois anos e meio. Os dados de dezembro mostraram ainda aumentos tanto nos custos de insumo quanto nos preços cobrados.

A escassez de componentes e o aumento dos preços de alguns itens foram citados como fatores para novo aumento dos custos. Já os preços cobrados aumentaram pela primeira vez em três meses, ainda que de forma modesta, com algumas empresas buscando transferir os aumentos de custo a seus clientes.

Apesar das incertezas, dezembro ainda registrou melhora na confiança das empresas, com expectativas de que políticas públicas favoráveis e relações internacionais possam favorecer as perspectivas de crescimento.

Planos de expansão, investimentos, diversificação de produtos e expectativas de vendas mais altas alimentaram o otimismo, segundo os dados do PMI.

Fonte: Epoca Negócios