Indústria cresce mais que esperado, com construção civil resiliente à alta de juros, diz ASA

Embora a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre tenha vindo de forma mais forte que a estimada, o dado não é tão negativo, mostrando desaceleração esperada para serviços, mas com desempenho um pouco melhor para indústria, com grande contribuição da construção, diz Leonardo Costa, economista da ASA Investiments.

Segundo dados divulgados esta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 0,4% de julho a setembro contra o trimestre anterior, na série com ajuste sazonal.

A gestora projetava crescimento de 0,6% para o terceiro trimestre. No segundo trimestre dados do IBGE apontam que o crescimento foi de 1%, após revisão de número original que anteriormente indicava alta de 1,2%.

A alta 0,8% agregada da indústria no terceiro trimestre, na margem, puxada principalmente por construção civil, que cresceu 1,1%, mostra, diz Costa, que o setor ainda não foi tão afetado pela política monetária mais apertada. Os impactos, porém, ainda são esperados para o próximo trimestre.

Já o comércio, destaca, com queda de 0,1% na mesma comparação, mostra que os estímulos fiscais não foram suficientes para garantir o crescimento. No terceiro trimestre houve elevação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 mensais e também reduções de tributos para garantir o alívio da inflação.

Apesar dos estímulos, diz Costa, as famílias estavam endividadas, o que se refletiu nos dados de crédito do período. Tudo indica, diz ele, que os estímulos foram mais canalizados para o pagamento das dívidas.

Já os serviços, diz, ainda conseguiram ser beneficiados pela retomada após a abertura econômica após o período mais crítico da pandemia de covid-19 adicionada ainda à recomposição de demanda reprimida.

Esses efeitos devem se esgotar mais no último trimestre do ano, diz Costa, ao mesmo tempo em que indústria e construção devem sentir mais os efeitos dos juros mais altos. Para o quarto trimestre a ASA mantém projeção de queda de 0,4% no PIB contra os três meses anteriores. Para o ano que vem a estimativa é de crescimento zero.

Fonte: Valor Econômico