Freio na queda da Selic afeta indústria e varejo
Representantes da indústria e comércio do Amazonas e do país manifestaram preocupação com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em manter a taxa básica de juros – a taxa Selic – em 10,5% ao ano, encerrando um ciclo de quedas iniciado há quase um ano.
O presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, afirmou que o panorama econômico atual “não justifica a manutenção da taxa e a decisão pode se mostrar contraproducente à economia”.
“A interrupção no ciclo de redução da taxa básica de juros mantém a Selic em patamar ainda muito alto e reprime a dinâmica econômica. A taxa atual encarece sobremaneira o acesso ao crédito financeiro, o que, a médio e longo prazo, reduz o crescimento econômico e impacta negativamente os resultados econômicos”, disse.
Antonio Silva destacou que os reflexos dessa política podem ser observados no comportamento da atividade econômica, que vislumbra um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais tímido esse ano, estimado em 2,04% contra os 2,9% de 2023.
‘Duas vertentes’
O presidente da Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM), Aderson Frota, considerou que a taxa Selic reflete o desempenho governamental e como o governo federal “está realmente apresentando um déficit que preocupa no horizonte do possível efeito na inflação, o Banco Central, dentro de uma norma técnica, tenta segurar a inflação mantendo a taxa Selic”. Contudo, ele concordou que a taxa projeta juros muito elevados que acabam criando dificuldades no acesso ao crédito para empresas e para o consumidor.
“Então isso é realmente uma coisa que a gente, como empresário, tem preocupações, porque a taxa Selic elevou bastante os juros bancários, dificultando inclusive não só o acesso a crédito das empresas, como também do consumidor. A situação tem duas vertentes verdadeiras: a primeira vertente é que o Banco Central está atuando no sentido de conter o possível efeito de uma inflação que vai atingir os preços das mercadorias e a população de baixa renda. Por outro lado, a taxa Selic nesse patamar que está fixado, dificulta a atuação da atividade comercial”, disse.
Menos atratividade
A decisão do Copom também foi vista com preocupação pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), presidida pelo amazonense José Roberto Tadros. A instituição entende que o movimento é equivocado e que ainda haveria espaço para uma redução de 0,25% na última reunião.
“A estabilização da Selic gera um cenário de menor atratividade para o crédito e, consequentemente, para o setor de comércio e serviços, pois a tendência é que as famílias diminuam seu ritmo de consumo. Além disso, o freio na queda da Selic ocasiona prejuízos no setor do comércio com o encarecimento do financiamento para as empresas, o que dificulta o desenvolvimento do País como um todo”, disse Tadros em nota.