Financiar imóvel segue vantajoso mesmo com alta da Selic? Confira as taxas

A alta da Selic, taxa básica de juros, para 5,25% puxou uma elevação dos custos de financiamento imobiliário nos bancos, embora tímida. Apesar disso, especialistas apontam que ainda é propício investir no imóvel próprio já que as taxas seguem favoráveis.

De acordo com dados do Banco Central (BC), a taxa média de juros em junho estava em 6,7% ao ano, enquanto em maio era de 6,64%. Em janeiro deste ano, o índice chegou a 7%.

O economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Allisson Martins, explica que houve, sim, uma leve subida, mas ainda está menor que em 2020, quando a média ficou em 7,17% ao ano, tendo como maior índice 7,41%.

Para o economista, este período é uma “janela de oportunidade”, já que a tendência é de que a Selic apresente elevação nos próximos meses impulsionando uma nova alta nos financiamentos imobiliários.

“Agora é um bom momento para quem está na dúvida de comprar um imóvel. O mercado está apostando em altas de 7 a 7,5% que deve sensibilizar essas taxas de juros nos mercados imobiliários e essa subida vai ser rápida”.

ALLISSON MARTINS
economista

A vantagem, segundo Martins, se torna ainda maior tendo em vista que alterações em pontos percentuais acabam impactando bastante no valor das parcelas da dívida.

AUMENTO LENTO

“Estamos observando que as taxas de juros do setor imobiliário começam a subir, mas mais devagar do que tem subido as taxas em geral, então é uma subida mais lenta”, analisa Filipe Pontual, diretor-executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

O diretor-executivo pondera também que os preços dos imóveis estão um pouco menores do que estavam em 2014, ano em que o País registrou R$ 112,9 bilhões destinados à aquisição e construção de imóveis.

Em 2020, o valor foi recorde com R$ 123,97 bilhões em financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

“A nossa expectativa é de aumento para 2021 de 57% a mais que em 2020, ou seja, cerca de R$ 193 bilhões”.

FILIPE PONTUAL
diretor-executivo da Abecip

No primeiro semestre de 2021, o montante financiado já somou R$ 97,05 bilhões, alta de 123,9% em relação a igual período do ano passado. Somente no mês de junho foram registrados R$ 19,66 bilhões.

IMPULSO DA SELIC

Por ser a taxa básica de juros no País, a Selic é considerada como referência para outros índices. “É chamada também de taxa piso, à medida que o piso vai subindo, os bancos têm que recalibrar esses juros”, pontua o economista.

As altas da taxa são movimentações do BC na tentativa de frear a inflação, o que acaba por repercutir nas aplicações do mercado como explica Pontual.

“Houve essa aceleração da Selic por conta da expectativa de uma inflação um pouco maior, então acaba influenciando também as taxas mais longas, embora, na prática, quando os agentes econômicos perceberem que o Banco Central está sendo efetivo no controle da inflação, a taxa longa vai acabar aumentando um pouquinho”.

VEJA COMO ESTÃO AS TAXAS NOS BANCOS

BRADESCO

Na modalidade Taxa Referencial (TR) Tradicional, as taxas eram a partir de TR + 6,90% ao ano e foram alteradas para a partir de TR + 7,30% ao ano. Já na modalidade de poupança, que era Poup + 3,95% a.a., foi reduzida para Poup + 2,99% a.a.

BANCO DO BRASIL

As taxas partem de 6,55% a.a. + TR e variam conforme perfil do cliente, prazo do financiamento e relacionamento com o Banco.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Na Caixa, são ofertadas quatro modalidade da contratação de crédito. No caso da TR, as taxas de juros partem de TR + 7,00% a.a.; no caso dos juros fixos, variam entre 8,25% a.a. e 9,75% a.a; para o IPCA, é de IPCA + 3,55% a IPCA + 4,95% a.a.

Há também o Crédito Imobiliário Poupança CAIXA em que taxas de juros são compostas de variação do índice da Poupança CAIXA + parte fixa que varia de 3,35% a 3,99% a.a. No site, ainda é possível simular o melhor financiamento para o perfil do consumidor.

SANTANDER

O banco fornece apenas o financiamento atrelado à TR com taxa de juros que parte de 7,99% ao ano + TR, o valor, até julho deste ano, era de 6,99% a.a. As operações possuem ainda custos de taxas administrativas e seguros obrigatórios.

ITAÚ UNIBANCO

Já o Itaú realizou, no início deste mês, aumento de 6,9% ao ano + TR para 7,3% ao ano + TR para novas contratações. Em contrapartida, reduziu a taxa fixa com juros da poupança de 3,95% ao ano para 3,45%.

Fonte: Diário do Nordeste