Estatais estrangeiras gastam R$ 120 bi no setor de infraestrutura

Em cinco anos, mais de R$ 120 bilhões foram gastos por companhias internacionais em aquisições, fusões ou pagamento de outorgas

O desenho do setor de infraestrutura no Brasil tem ganhado novo contorno, com a maior presença de estatais estrangeiras em concessões, parcerias público-privadas (PPPs) e obras.

Em cinco anos, mais de R$ 120 bilhões foram gastos por companhias internacionais em aquisições, fusões ou pagamento de outorgas.

Esse movimento vai crescer. Boa parte dos investimentos é liderada por estatais chinesas, mas elas estão longe de ser as únicas nesse processo. Companhias cujos acionistas relevantes são os governos da Espanha, França, Itália, Alemanha e Colômbia reforçam seu posicionamento no mercado brasileiro de infraestrutura, o maior da América Latina.

Os investimentos são vistos, principalmente, em energia elétrica, óleo e gás, mas o setor de transporte, com destaque para aeroportos e ferrovias, também atrai o interesse dessas estatais.

Na área de distribuição de energia, cerca de um terço do mercado está nas mãos delas. Em geração de energia, detêm pouco mais de 20 mil MW (cerca de 1,5 vez a capacidade da hidrelétrica de Itaipu, uma das três maiores do mundo).

Nos aeroportos, três dos dez maiores terminais (Confins, Recife e Porto Alegre) têm participação acionária desse grupo de companhias. Em ferrovias, estatais chinesas e russas estudam investimentos em segmento em que os atuais operadores são empresas privadas nacionais (Rumo, MRS, Vale).

O resultado é reflexo de seis fatores: crise fiscal; desdobramentos da Operação Lava-Jato, que reduziu o poder de fogo de grandes grupos nacionais e eliminou a barreira de ingresso de empresas internacionais no Brasil; escassez de negócios em países cujo mercado de obras está maduro; taxa de retorno de empreendimentos no Brasil em um momento de liquidez internacional; declínio de estatais brasileiras, que endividadas têm vendido ativos e reduzido presença na economia com 200 milhões de consumidores; e, transição para uma economia de baixo carbono, que destaca o Brasil, líder em agricultura e energia renovável.

Para o ex-ministro da Fazenda e atual diretor da Faap Rubens Ricupero, diferentemente do Brasil, que nunca implementou um modelo de internacionalização de suas empresas, alguns países, com destaque para a China, adotaram uma estratégia de longo prazo de fazer empresas ganharem mercados externos para fomentar a competitividade delas, facilitando acesso a financiamentos e garantias.

Fonte:  Revista Construa