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Empresários da construção criticam proposta do novo Plano Diretor e alertam para riscos ao crescimento de Fortaleza

Representantes da construção civil em Fortaleza manifestaram preocupação com pontos do novo Plano Diretor da capital cearense, atualmente em discussão. Empresários afirmam que as mudanças propostas podem frear o crescimento econômico, limitar a geração de empregos e provocar insegurança jurídica no setor.

De acordo com Irineu Guimarães, diretor do Sinduscon-CE, o texto atual do plano “pode congelar a cidade”. Ele critica a forma como o conceito de sustentabilidade vem sendo apresentado, alegando que a ampliação de áreas verdes inclui terrenos privados, o que exigirá altos custos de compensação por parte do poder público. “O que pedimos é rigor técnico na definição dessas áreas, para evitar distorções e impactos financeiros desnecessários”, ressaltou.

Guimarães também defende que o debate sobre o Plano Diretor deve ir além das questões políticas e priorizar o crescimento urbano e social equilibrado. Segundo ele, regiões de baixo IDH só evoluem com urbanização planejada. “Quando os empreendimentos chegam, trazem infraestrutura, saneamento e segurança. A ocupação ordenada é sustentável, pois segue regras técnicas claras”, completou.

Outro ponto de alerta vem do também diretor do Sinduscon, José Carlos Gama, que vê risco de a outorga onerosa — instrumento que permite construções acima do limite básico mediante pagamento — se transformar em um mecanismo puramente arrecadatório. Ele explica que o aumento nos custos pode reduzir a solicitação de novos alvarás de construção, prejudicando o ritmo de obras e investimentos. Gama também critica o prazo de apenas 120 dias para a entrada em vigor do novo plano, considerado insuficiente para adaptar sistemas da Prefeitura e revisar a legislação de uso do solo.

Sob anonimato, outro empresário destacou que as negociações em torno do Plano Diretor estão criando insegurança jurídica. “Colocam propostas extremas para depois negociar reduções, mas o setor sempre sai perdendo”, afirmou. Ele lembrou que Fortaleza é referência nacional em dinamismo imobiliário, graças a medidas como a digitalização de alvarás, a liberação para estúdios e a outorga onerosa, que já gerou mais de R$ 300 milhões para os cofres municipais.

Os empresários também alertam que restrições à verticalização urbana seriam um retrocesso, pois o adensamento planejado melhora a mobilidade e o acesso a serviços. “Esses avanços foram fundamentais para o crescimento do setor. Reduzi-los seria desestimular o investimento”, disse um construtor.

Outro ponto levantado por Irineu Carvalho é a necessidade de flexibilizar as regras para construções em áreas culturais, propondo parcerias público-privadas e novos formatos de outorga para revitalizar essas regiões.

Em contraponto, a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Ivana Bezerra, afirmou que o novo Plano Diretor “está dentro das expectativas do setor hoteleiro”. Ela destacou os incentivos para regiões como a Praia do Futuro e a abertura ao diálogo com o poder público sobre políticas de estímulo à hotelaria.

As propostas finais do documento serão discutidas entre os dias 24 e 26 de outubro, durante a Conferência da Cidade, última etapa antes de o projeto de lei seguir para votação na Câmara Municipal de Fortaleza.

Fonte: Construa Negócios