Emprego cresce na construção, mas setor luta para preencher vagas

A construção civil manteve trajetória positiva no mercado de trabalho. O setor, que possuía 1,926 milhão de trabalhadores com carteira assinada em junho de 2020, apresentou em abril de 2022 um salto para 2,428 milhões, de acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Segundo a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, os dados apontam que desde os primeiros meses da pandemia, o setor já gerou mais de meio milhão de novas vagas com carteira assinada. “Esse resultado demonstra a força da construção para impulsionar a economia nacional”, disse.

Desde junho de 2020, com exceção dos meses de dezembro de 2020 e dezembro de 2021, que são sazonais, o setor vem registrando desempenho positivo na criação de novos empregos com carteira assinada. Em abril deste ano, foram criadas 25.341 novas vagas.

Ainda de acordo com a economista, desagregando por segmento, de julho 2020 a abril de 2022, observa-se que do total de 501.769 novas vagas geradas pelo setor, 40,7% foram na construção de edifícios (204.232), os serviços especializados para a construção foram responsáveis por 37,90% (190.183) e as obras de infraestrutura por 21,40% (107.354 novos empregos).

“Apesar do resultado satisfatório, a queda dos lançamentos imobiliários registrada no primeiro trimestre do ano preocupa o setor. Para que o mercado se mantenha dinâmico, o ciclo de novos negócios precisa estar em constante renovação”, apontou.

A especialista também destacou que o resultado do mês de abril deste ano (25.341 novas vagas) superou o registrado em igual mês do ano anterior (22.390).

“Além disso, ele também superou o saldo registrado em março de 2022 (18.933). Desagregando por segmento, observa-se que, em abril de 2022, mais uma vez se destacaram as novas vagas criadas pela construção de edifícios (12.620) e serviços especializados para a construção (10.276). As obras de infraestrutura também contabilizaram resultado positivo: 2.445 novos postos de trabalho no setor”, explicou.

Apesar desses números demonstrarem reflexos positivos para o setor, a baixa oferta de mão de obra pode estagnar o bom momento. Essa é a análise de Bruno Fabbriani, CEO da Incorporadora BFabbriani.

Bruno destaca que o segmento está contribuindo significativamente para a expansão do emprego e da economia geral, mas está enfrentando desafios crescentes em termos de preencher vagas de emprego. “E não estou falando apenas das ofertas para o canteiro de obra. Faltam pessoas capacitadas em diferentes áreas do setor, inclusive nos escritórios. É preciso ampliar as oportunidades de treinamento e educação para carreiras nessa área se quisermos diminuir a crescente escassez de trabalhadores qualificados na construção”, explica.

Para ele, a categoria está em uma encruzilhada. Por um lado, a demanda por profissionais nunca foi tão grande. Por outro lado, desafios como produtividade, desempenho, digitalização, diminuição da força de trabalho e sustentabilidade, por exemplo, podem inviabilizar o crescimento da indústria.

“Embora a construção já esteja entre os maiores setores industriais do mundo, tais desafios estão começando a pressionar intensamente as empresas. Por isso é preciso tomar medidas proativas para minimizar o impacto para o setor e garantir mão de obra qualificada”, comenta.

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) atingiu em maio o maior nível desde dezembro, ao subir 1,4 ponto, para 80,9 pontos. Em dezembro de 2021, o indicador ficou em 81,8 pontos. O IAEmp combina séries de dados extraídas das sondagens da indústria, de serviços e do consumidor, para antecipar as tendências do mercado de trabalho no país, se relacionando com o nível de emprego.

Em médias móveis trimestrais, o IAEmp chegou a 78,5 pontos em maio, um aumento de 2,0 pontos. De acordo com o economista do Ibre, Rodolpho Tobler, esta segunda alta seguida do indicador sugere um cenário mais favorável para o mercado de trabalho no segundo trimestre.

“A melhora do quadro sanitário, após o surto do início do ano, e um certo aquecimento da atividade econômica parecem contribuir para a melhora do indicador. Ainda é preciso cautela, dado que o indicador ainda se mantém em patamar baixo e com perspectivas de recuperação lenta”.

Tobler avalia que a atividade econômica segue com projeção baixa para o ano de 2022 por causa da inflação alta e da política monetária mais restritiva.

No mês de maio, cinco dos sete componentes do IAEmp contribuíram para o resultado positivo. O destaque foi a indústria, cujos indicadores de situação atual dos negócios e de tendência dos negócios contribuíram com 0,9 e 0,5 ponto, respectivamente.

Fonte: Monitor Mercantil