Decisão do Copom tende a beneficiar ações de tecnologia, varejo e construção civil

A decisão do Copom em manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano está absolutamente em linha com que o mercado esperava. A verdade é que já havia um consenso de que não teríamos aumento na Selic, até porque os últimos dois meses foram de deflação. Com a inflação controlada, não há razão para aumentar mais ainda o juro, que se encontra em um patamar elevado, entre os maiores do mundo.

E o impacto desta decisão na Bolsa de Valores é muito bom. Isso porque o efeito da taxa de juros na renda variável é inversamente proporcional ao mercado de renda fixa. Quanto maior a Selic, menos atrativo fica o mercado de renda variável. Ou seja, o prêmio de renda fixa, sem precisar correr riscos, fica mais alto e afasta o investidor da Bolsa.

Para exemplificar, uma Selic em 13,75% é, naturalmente, algo que tira um pouco aquele afã do mercado de renda variável. Isso porque tudo correndo bem, em condições normais de temperatura e pressão o investidor de renda variável vai buscar 20%, 25% ao ano, no máximo, de retorno caso seja uma carteira muito boa. Agora, entre ter “a possibilidade” de 20% na renda variável e 14% só de taxa Selic, torna a renda fixa um competidor, de certa forma, injusto com o mercado de renda variável. Então, o fato de não ter aumentado a taxa de juros já é bom por si só.

Na verdade, o Copom demonstra a intenção de começar a inverter essa curva de juros. A expectativa é de que nos próximos meses o Banco Central comece a trabalhar para rever a taxa para baixo. Se realmente entrarmos neste ciclo, não dá para saber se é na próxima reunião ou não, mas quase com certeza em 2023, três setores da economia vão ser bastante beneficiados.

Empresas dos setores de Tecnologia, Varejo e Construção Civil vão chamar muita atenção e o investidor precisará ficar atento para não deixar o bonde passar. São companhias que precisam realmente de muito capital de giro para trabalhar. O varejo vende muito a crédito e uma taxa de juros alta acaba assustando o consumo. Aliás, o próprio aumento da taxa de juros tem como finalidade inibir o consumo.

Taxa de juros caindo, fatalmente o consumo volta a subir e essas empresas de varejo também se beneficiam. E o mercado imobiliário segue o mesmo caminho, pois construtoras como Cyrela (BVMF:CYRE3), Eztec (BVMF:EZTC3), Gafisa (BVMF:GFSA3), MRV (BVMF:MRVE3), todas elas também se darão bem porque a venda é impulsionada pelo financiamento imobiliário. Crédito imobiliário estando mais baixo fomenta mais vendas. A construção civil se aquece e acaba melhorando os resultados para os investidores desse segmento na Bolsa.

Agora, independentemente do setor, ao se confirmar a política de redução dos juros, em alguns meses, os bilhões que migraram para a renda fixa vão voltar para a Bolsa, fomentando o setor produtivo, gerando mais oportunidades de ganhos para os investidores em um ciclo virtuoso para a economia brasileira e para a sociedade.

Fonte: Investing.com