Contagem regressiva

Fabricantes e locadoras do setor de guindastes já se preparam para a recuperação do mercado, mas a expectativa geral é que a demanda só deslanche a partir de 2020

O prolongado ciclo de recesso da economia brasileira deixa um triste legado no setor de máquinas e equipamentos, sobretudo em um segmento de alto valor agregado: o de guindastes. Para enfrentar esse período turbulento, muitas empresas revenderam a frota de equipamentos para o exterior e desmontaram as equipes técnicas.

Agora, felizmente, isso parece ter ficado para trás. Mesmo que ainda não confirmada, a perspectiva de retomada faz como que essas empresas já planejem investimentos e treinamento de mão de obra. Mas até o mercado voltar ao patamar anterior à crise (se é que chegará a tanto), ainda há um longo percurso a ser percorrido. Segundo Marina Simões, gerente executiva da Locar, a expectativa do setor ainda é de dois anos difíceis para o mercado pela frente. “A partir disso, inicia-se a retomada da utilização de guindastes”, argumenta a executiva, destacando que a demanda e os preços seguem baixos. “É um setor que teve mais de 70% de utilização e que, atualmente, está em torno de 40%.”

Para Luiz Carlos Bellangero, gerente da Guindastes Tatuapé, a tendência é que o vigor da economia seja retomado com as medidas do novo governo. “Porém, face às dificuldades de retomada e a falta de verba inicial, acreditamos que o setor de infraestrutura será retomado aos poucos e somente a partir de 2020 é que poderemos usufruir dessas oportunidades, caso ocorram”, diz ele.

Para o executivo, o mercado ainda se encontra muito retraído, corroborando a previsão de um ano a um ano e meio para a retomada mais forte da produção. “Estamos utilizando mais ou menos em torno de 60% da capacidade produtiva”, revela. “E só haverá uma mudança de cenário a partir de um trabalho sério nas bases econômicas, com a liberação de créditos e incentivos.”

Já o diretor comercial da Cunzolo, Marcos Cunzolo, afirma ter expectativas de que o retorno ocorra já em 2019, fortalecendo-se após o segundo semestre. “Mas a demanda está retraída”, faz coro. “Há grande disponibilidade no mercado e baixa utilização.”

FABRICANTES

Do lado dos fabricantes, a perspectiva não é diferente. As empresas também enfrentam a ociosidade do mercado, o que pode ser um empecilho para novos investimentos. De acordo com Rodrigo Borges, gerente de vendas da Terex, já há quatro anos o mercado brasileiro está em baixa, após uma queda que representou algo em torno de 90% nas vendas. Diante desse cenário, o executivo também prevê uma recuperação mais consistente somente a partir do segundo semestre de 2020. “Existem várias obras de infraestrutura para serem acabadas e muitas outras que estão ‘no papel’ para serem aprovadas, o que gera uma expectativa para os próximos anos”, avalia. “A partir deste ano, no entanto, a economia pode começar a melhorar e o investidor externo voltar a investir e confiar no Brasil.”

Fonte: Revista Construa