Construção civil e setor do petróleo fazem da indústria um destaque do segundo trimestre de 2023
A construção civil e o setor do petróleo fizeram da indústria um dos destaques do trimestre.
A cena do milho, da soja, do café, do açúcar de cana e das carnes sustentando a atividade do Brasil fica no retrovisor. Depois de colher crescimento exuberante de 21% nos primeiros meses do ano, a agropecuária colocou o pé no chão. Mas foi uma aterrissagem tranquila diante do esperado.
“Dá para dizer: é um ponto fora da curva, porque você teve um movimento muito abrupto de preços e isso levou junto com a expansão da produção a um movimento de exportação bastante grande. Ou seja, o agro aí teve, por contrapartida, as exportações e não o consumo”, diz José Francisco Lima Gonçalves, professor da USP e economista-chefe do banco Fator.
Para o produtor Ângelo, em Dourados, é uma entressafra: ele sabe que o solo do agronegócio é fértil.
“Nós temos uma expectativa de uma safra 23/24, com El Niño, uma boa produtividade e, com certeza, acreditamos que o agro deve aumentar a sua produção e produtividade e a rentabilidade”, afirma o produtor rural Ângelo Ximenes.
Dessa vez, a riqueza veio dos campos de petróleo, das reservas de minério de ferro, do valor das matérias primas embarcadas para o mercado externo. A indústria da extração foi destaque com alta de 1,8%.
“O Brasil está entre os maiores produtores de petróleo do mundo. Algo que não se imaginava pouco tempo atrás. Minério de ferro, todas as commodities minerais metálicas estão indo muito bem”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e professor da FGV.
E no último trimestre, o Produto Interno Bruto chegou à cidade. Se fez da alta da renda das famílias que puderam comprar ou investir. Dos descontos nos automóveis – estimulados por um programa oficial. Do cimento, aço e vidro da construção civil. Na fábrica de maquetes para os lançamentos imobiliários chegou a faltar espaço para os desenhos de futuro do setor.
“Mudamos três vezes. Devido ao espaço, à demanda, a gente tendo que aumentar o espaço e a estrutura para atender os clientes. Significa que a demanda está aquecida e que isso, no futuro próximo, vai tornar realidade de moradias para várias famílias”, afirma o empresário Tanderson Macedo Alves.
A construção civil cresceu 0,7%, depois de dois trimestres seguidos de queda.
A construção civil pode ser vista como uma maquete, uma representação em escala reduzida de todos os setores produtivos do país, porque depende de crédito para realizar os projetos. Os economistas dizem que a recente queda dos juros e a perspectiva de que haja espaço para novos cortes sustentam a confiança de empresários e consumidores – um dos alicerces do crescimento econômico.
Foi o segundo trimestre seguido de resultado positivo na indústria: 0,9%.
“Confiança do consumidor melhorou muito. Nos últimos meses, a gente está em um nível de perto da máxima, inclusive com a perspectiva de queda de inflação, de queda de juros a confiança do consumidor está bem melhor”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e professor da FGV.
Tijolos de grandes projetos que a indústria de transformação ainda espera ver nas fábricas.
“Para o ano que vem, o cenário é muito melhor, com juros mais baixos, o consumo deve se acelerar, construção civil também”, explica Paulo Gala.
E na esteira dos números do PIB, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira subiu 1,86%. E o dólar caiu para R$ 4,94.