Como fazer Orçamento em BIM

Um erro no orçamento pode significar que todo o trabalho feito durante a execução resulte em prejuízo. Ninguém quer trabalhar meses ou anos em um projeto que no final além de não trazer lucro, acarrete em perdas. Para que isso não aconteça, você deve começar fazendo um excelente orçamento.

Para isso, neste artigo mostrarei a você como fazer um orçamento em BIM, que garantirá uma assertividade muito maior do que os orçamentos tradicionais. Com isso, você conseguirá saber antes de iniciar a obra quais as quantidades de materiais necessárias, qual a melhor solução e como será a ordem das atividades de execução.

Para isso, apresentarei não só os conceitos do BIM e como estes influenciam na precisão do seu orçamento, como também as ferramentas disponíveis no mercado para auxiliá-lo. Trarei também o exemplo real da Brasil ao Cubo e como uma fábrica da construção civil conseguiu criar um sistema que orça automaticamente ao finalizar um projeto.

Projeto BIM

Para você fazer um orçamento em BIM o primeiro requisito é ter um projeto BIM. Desta forma, será possível relacionar o orçamento diretamente com o projeto. Mas como é feita esta relação?

Se você ainda não usou um software de projeto BIM, como o QiBuilder, Revit ou até o SketchUp (se adaptado com um plugin), vou lhe explicar como funciona. Estes softwares trabalham em um ambiente de modelagem 3D, mas levam mais informações do que simplesmente a sua forma geométrica.

Os softwares que trabalham na filosofia BIM possuem uma gama de informações atreladas a cada componente 3D. Informações tais como:

Fabricante
Modelo
Preço
Massa
Momento de aplicação na obra
Capacidade física

Por este motivo, enquanto você está projetando uma casa, por exemplo, o programa está quantificando tijolos, concreto, aberturas que você precisará. Além disso, ele especifica que tipos e tamanhos de aberturas, etc. Portanto, ao finalizar um projeto utilizado os devidos elementos e componentes, você poderá gerar uma lista detalhada e precisa dos materiais.

Desta forma, você consegue um orçamento preciso de material.

Mas e a mão de obra, como que fica no orçamento em BIM?
Da mesma forma, é possível relacionar à cada matéria prima uma unidade de mão de obra. Por exemplo, para cada metro quadrado de piso assentado a sua mão de obra cobra R$ 25. Com isso, ao gerar o quantitativo de materiais o programa poderá também quantificar a mão de obra. Isso torna o orçamento em BIM muito mais preciso.

É claro que isso não substitui uma análise minuciosa do orçamento a fim de encontrar questões que não foram consideradas pelo programa. Com o tempo, você poderá refinar os seus modelos e tornar o orçamento automático cada vez mais preciso, cabendo preocupar-se somente com os itens do projeto que fogem do padrão.

Cronograma de Compra

Como mencionei, os softwares BIM atrelam ao modelo 3D digital informações referentes à sequência de produção ou fabricação. Estes dados podem ser atrelados a um cronograma de obra e, com isso, gerar previsões de demanda de material e mão de obra.

Para exemplificar, pense no caso do assentamento dos pisos. Ao projetar uma edificação de 350m² de dois pavimentos o programa já lhe informou a quantidade de piso contando com a perda por corte e quantificou o custo de mão de obra também. No entanto, o assentamento será feito em duas partes: a do piso térreo e, posteriormente, a do superior.

Ao lançar os pisos, é possível definir em qual etapa cada área será construída. Com isso, ao gerar o cronograma de compras e contratações, é possível dividir a demanda em duas etapas, diminuindo a necessidade de estoque e equilibrando as contratações.

A Margem de Erro do Orçamento em BIM Diminui

A razão pela qual alguns governos estaduais já exigem de seus contratados projetos realizados com o conceito BIM é a redução da margem de erro dos orçamentos. O estado de Santa Catarina foi o pioneiro nesta exigência por acreditar que isso trará, além de mais qualidade, mais precisão nos orçamentos e diminuição em aditivos.

Pelo mesmo motivo, as empresas que escolhem fazer esta transição para uma metodologia BIM de projetos se beneficiam desta precisão. No entanto, esta transição demanda um esforço e uma dedicação por parte da empresa e de seus profissionais. Além de entender o conceito BIM, é necessário aprender a utilizar as ferramentas e mantê-las atualizadas.

Para contextualizar pra você como é uma implantação do conceito BIM dentro de uma empresa e o impacto nos orçamentos, vou lhe contar como foi a implantação na Brasil ao Cubo.

BIM na Brasil ao Cubo

Iniciamos a implantação do conceito BIM utilizando o sistema Revit da Autodesk. Apesar da sua aparente complexidade, é um programa muito completo e preparado para trabalhos em diversas disciplinas. Como o QiBuilder, o Revit traz a possibilidade de importar referências externas e trabalhar em conjunto com outras disciplinas e profissionais no mesmo modelo.

Além disso, o programa é preparado para gerar cortes, plantas, vistas e gerar pranchas de maneira simplificada. É um programa feito para projetar construções.

Outro detalhe importante é a existência de templates. Cada disciplina (arquitetura, hidráulica, elétrica, estrutural, etc.) deve ser preferencialmente trabalhada em seu template específico.

O template é um modelo que traz configurações e elementos (peças e componentes) adequados àquela disciplina específica. Bons templates trarão a você mais produtividade.

Existem diversas opções de templates a disposição na internet para ajudar no seu trabalho. Nós usamos como template hidrossanitário o da TIGRE que é gratuito e para o template elétrico compramos um do Eng. Rodrigo.

Após o projeto
Ao finalizar o projeto, basta gerar a lista de materiais. Esta lista já pode conter o valor de cada item. No entanto, para se conseguir manipular os relatórios com mais facilidade, muitas vezes é necessário exportar para uma planilha.

Por conta da intuitividade do SketchUp e da nossa expertise com este software, resolvemos buscar desenvolver nele a nossa principal solução de projeto e orçamento em BIM. Buscamos uma parceria com a empresa de tecnologia Gabster para desenvolver uma solução personalizada para a Brasil ao Cubo dentro do seu plugin do SketchUp.

Como fabricamos construções, possuímos alguns métodos que se assemelham mais a uma linha de produção do que a um canteiro de obras. Com o desenvolvimento desta solução personalizada dentro do SketchUp, conseguimos um resultado muito mais eficiente e direcionado aos nossos produtos.

Normalmente, o Revit costuma ser mais indicado por conseguir atender a maior das necessidades das construtoras tradicionais. Avalie o que melhor se encaixa em sua realidade.

Com a nossa nova solução BIM, conseguimos projetar e orçar com elementos parametrizados que se auto dimensionam de acordo com os parâmetros inseridos na sua programação. Com isso, o espaçamento e quantidade de barrotes do piso, por exemplo, já é feito automaticamente ao dimensionar o tamanho do piso.

Além de distribuir automaticamente os elementos conforme a dimensões das edificações, o plug-in que desenvolvemos em conjunto com a Gabster nos gera:

Quantitativos dinâmicos
Plano de corte das peças de aço
Modelos em IFC para compatibilização com outros projetos
Orçamento dinâmico
Fica a dica:
O orçamento dinâmico é um orçamento que está diretamente relacionado ao modelo 3D e, assim que este modelo for alterado, o orçamento será alterado automaticamente. Com isso geramos muito mais precisão nos nossos orçamentos com muito mais agilidade. Para nós, desenvolver esta solução é um investimento que se paga a curto prazo.

Hoje contamos com dois profissionais dedicados inteiramente para o desenvolvimento e manutenção desta solução BIM pois acreditamos que isso é um grande diferencial nosso. Do contrário, teríamos que perder muito tempo em cada um dos nossos orçamentos e teríamos erros constantemente devido ao curto prazo que temos para orçar.

Não importa qual o software que você escolher para auxiliar nos seus orçamentos em BIM. Todos eles exigirão dedicação e tempo seu e da sua equipe. Mas, como um amigo e consultor da Brasil ao Cubo diz:

“Gaste tempo no que irá lhe economizar tempo. E esta solução lhe aumentará a produtividade na elaboração dos seus orçamentos e evitará erros.”

Integração com Plataformas de Gestão

Para automatizar ainda mais este processo e torná-lo ainda mais assertivo, o próximo passo é integrá-lo com uma plataforma de gestão. Ao integrar a plataforma com o software de projeto e orçamento, você conseguirá “puxar” os valores atualizados das últimas compras e usar a sua média nos novos orçamentos.

Além disso, ao fechar um projeto a lista de materiais gerada pode ser enviada diretamente para o setor de compras, evitando outro problema que gera gastos desnecessários: falha de comunicação. Tudo isso se torna automático e se liga aos setores de compra, financeiro, estoque através de uma boa plataforma, que consiga integrar com outros softwares e áreas.

Fonte: Revista Construa