Como a covid-19 impulsiona o mercado imobiliário para o futuro

A pandemia do novo coronavírus tem provocado muitas mudanças nos lares e impulsionado o setor imobiliário em direção ao futuro. Nesse sentido, diversas soluções tecnológicas têm sido lançadas para garantir a segurança e o conforto dos moradores.

O Jornal The New York Times selecionou alguns produtos e ideias que atuam nesse sentido e prometem permanecer mesmo no pós-covid-19.

Móveis robóticos e multifuncionais

Móveis que se transformam não são novidade, mas, agora, com as pessoas passando mais tempo dentro de casa, e as utilizando também como local de trabalho, mais soluções surgiram.

A Ori (abreviação de origami), empresa especializada neste tipo de móvel, fundada em 2015, lançou recentemente nos Estados Unidos o pocket office. Trata-se de uma estrutura que, quando está fechada, é um console de TV com prateleiras, e, quando expandida, com a ajuda de um sistema de trilhos, se transforma em um escritório, com mesa retrátil e estantes.

Em entrevista à publicação, Hasier Larrea, fundador e presidente-executivo da companhia, disse que suas vendas quadruplicaram desde o ano passado, sem especificar, entretanto, o número de unidades vendidas no período.

A Bumblebee Spaces, fabricante de camas modulares e móveis que podem ser suspensos no teto para maximizar o espaço, também tem visto um interesse crescente, de acordo com Sankarshan Murthy, presidente-executivo e cofundador da empresa.

Essas empresas não vendem direto ao consumidor, e sim para administradores de imóveis, que buscam maximizar o uso e o apelo de estúdios, apartamentos de um quarto e, às vezes, até unidades maiores.

Como informa a reportagem do New York Times, a montagem de uma Ori custa entre US$ 5.000 e US$ 10.000 por unidade. A Bumblebee Spaces vende sua cama flutuante e algumas unidades de armazenamento com preços entre US$ 10.000 e $ 40.000, dependendo da instalação e do mix de produtos

Edifícios mais saudáveis

Com a pandemia, sistemas de higienização se tornaram obrigatórios. Nesse sentido, a indústria norte-americana tem trabalhado em sistemas que prometem refinar e fazer o ar circular melhor em áreas comuns de condomínios residenciais e comerciais e, assim, reduzir a disseminação do vírus.

O objetivo, pontua o New York Times, é elevar o padrão de ventilação para MERV-13, uma classificação de filtro de ar considerada eficiente, apesar de não perfeita, na captura de vírus transportados pelo ar.

A Thyssenkrupp Elevator, uma das maiores fabricantes de elevadores, começou a instalar sistemas de ar que puxam o ar purificado diretamente do poço do elevador. Também há opções que tratam o ar com luz ultravioleta – os passageiros não ficam expostos ela – e peróxido de hidrogênio, que neutralizam bactérias, fungos e vírus. Os produtos variam de US$ 3.500 a US$ 4.000 por elevador.

Além disso, a empresa desenvolveu um aplicativo para smartphones que permite que usuários chamem o elevador sem apertar o botão, e um sistema de pedal na base do elevador para substituir os botões.

Alguns imóveis americanos ainda têm utilizado pulverizadores eletrostáticos para desinfectar de forma mais uniforme e eficiente as superfícies.

Facilidades

A pandemia também mudou os atrativos dos prédios dos Estados Unidos. Se antes eram spas, salões e salas de jogos, agora a busca é por soluções que garantam a segurança de todos.

No One Manhattan Square, por exemplo, um arranha-céu de 815 unidades no Lower East Side, a Extell, incorporadora de condomínios em Nova York, introduziu um aplicativo de reservas para regular visitas programadas a espaços como pista de boliche privada, quadras de basquete e squash.

Outra aposta do mercado de imóveis tem sido a tecnologia sem contato, que usa chaveiros ou smartphones para destrancar portas. Segundo o New York Times, no terceiro trimestre do ano, as vendas da Latch, operadora de portas sem toque, foram 50% maiores do que no mesmo período do ano passado.

O vírus também reforçou a ideia de que alguns serviços não devem ser considerados amenidades, mas sim essenciais. Rachel Fee, diretora executiva da New York Housing Conference, uma organização sem fins lucrativos de política e defesa de moradias, disse à publicação que pedirá à cidade que financie o custo do wi-fi em novos projetos de moradias populares e reformas de moradias públicas.

Aplicativos e dados

Muitos dos novos recursos aperfeiçoados ou desenvolvidos por conta da pandemia trarão big data para a indústria.

A RXR Realty, empresa de desenvolvimento e gestão, criou o app RXO. Trata-se de um serviço de concierge e fórum comunitário que pode ser usado, por exemplo, para pagar aluguel, solicitar manutenção, reservar serviços e conversar com funcionários.

Outro programa, de visão computacional, dever ser lançado pela companhia em breve. Ele usará uma nova tecnologia para determinar se as pessoas observadas pelas câmeras de vigilância estão usando máscaras e respeitando o distanciamento social nas áreas comuns. Por enquanto, a novidade está sendo testada nas propriedades comerciais da empresa.

Fonte: Época Negócios