CICS Living Lab: o laboratório de inovação da USP

Ecossistema de inovação aberta tem como objetivo acelerar a inovação e a sustentabilidade no setor

O ano de 2019 promete ser de crescimento para a construção civil, setor que mais promove empregos no país e que também está cada vez mais inserido na Indústria 4.0, a fim de promover o desenvolvimento da área. Com o objetivo de amplificar ainda mais esse movimento tecnológico, o departamento de engenharia da USP está criando um prédio especial chamado CICS Living Lab para abrigar projetos inovadores da área de construção civil.

O CICS é uma proposta original de pesquisadores do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, que compõe uma rede aberta a novos parceiros, englobando pesquisadores de diferentes unidades da USP e de outras universidades. Recentemente, foi assinado um convênio com a empresa de aço ArcelorMittal, que pretende doar aproximadamente R$ 3 milhões em recursos para a construção do edifício, que inclui também a criação da Cátedra ArcelorMittal “Construindo o Amanhã”, com previsão para os próximos cinco anos.

Living lab significa em tradução literal “laboratório vivo”, e possui um conceito baseado na integração dos processos de pesquisa e inovação com uma metodologia que enfatiza a co-criação de projetos com as partes interessadas e testes em ambientes reais de aplicação. O CICS Living Lab é um laboratório que abrigará o Centro de Inovação em Construção Civil, ecossistema que tem como objetivo acelerar a inovação e a sustentabilidade no setor da construção civil, reunindo empresas e entidades governamentais e da sociedade civil em uma iniciativa desenvolvida especialmente para testar e demonstrar, em condições reais de uso, algumas soluções inovadoras para superar os desafios da construção civil por meio de práticas sustentáveis, como novos materiais e sistemas construtivos industrializados e ecoeficientes, energias renováveis, além de soluções da Indústria 4.0 e Internet das Coisas (IoT) e outras tecnologias.

Para o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Yorki Estefan, as universidades e empresas do Brasil sempre foram muito separadas, e isso faz com que os interesses não fiquem devidamente alinhados. Em outros países, a pesquisa se dá pela necessidade das empresas. “Não adianta nada a universidade pesquisar um assunto que as construtoras e incorporadoras não tenham interesse de trabalhar, senão fica um trabalho só acadêmico”, aponta. Ainda de acordo com Yorki, essa iniciativa da USP é realmente inovadora e vem ao encontro disso, aproximar a universidade e os fornecedores com as construtoras, fazendo um grande HUB na indústria da construção. “Um dos maiores benefícios que esse laboratório vai trazer para o setor é a construtora não basear a sua decisão em achismo”, destaca.

Outro grande benefício desses laboratórios é a coleta de dados e números de forma clara e objetiva, pois eles quantificam as performances dos materiais e sistemas construtivos e isso faz com que a decisão seja muito mais técnica e não só embasada em experiências passadas. Os laboratórios são, então, vitais para fornecer elementos que subsidiam a decisão das construtoras quanto à inovação.

Expectativa para o mercado em 2019

Uma das características principais de um Living Lab é ser móvel e possibilitar uma troca de ideias e experiências entre estudantes, pesquisadores e empresas, além disso, o edifício será também um equipamento de pesquisa projetado para permitir o teste e a demonstração de soluções inovadoras em condições reais de uso. Para o especialista em tecnologia e qualidade, hoje se tem um esforço muito grande dos sindicatos para a implementação de inovação tecnológica em obras e atualização de normas técnicas.

“Esse movimento está muito encampado também pela Abrainc e Secovi-SP, além do SindusCon-SP, então as entidades, hoje, estão unidas para fazer uma construção civil mais produtiva e com menos perdas”. Além disso, a expectativa do vice-presidente da área no sindicato é bastante positiva e aponta também que já se vê os escritórios de projetos bastante demandados, porém o mercado ainda está andando de lado, pois depende de algumas resoluções e reformas que o governo está encaminhando. “Se realmente conseguirmos politicamente encaminhar as medidas, teremos um mercado bastante demandado no segundo semestre”, prevê Estefan.

Fonte: Revista Construa