Apesar da demanda fraca, importação de aço avança no mercado brasileiro

Apesar da demanda fraca, importação de aço avança no mercado brasileiro

Aproveitando os preços em baixa do aço no mercado externo, que gera um prêmio elevado ante o do produto nacional, e o dólar negociado na faixa de R$ 5,00, produtos estrangeiros têm ganhado espaço no mercado brasileiro. Mesmo com o consumo aparente de produtos siderúrgicos estar fraco e sinalizar até fechar em leve queda neste ano.

Conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), referentes ao período janeiro-abril, o volume de aços planos importado registrou aumento de 18,5%, somando 659,5 mil toneladas, ao se comparar com mesmo período de 2022.

Em abril, especificamente, o crescimento saltou para 46,7%, atingindo 161 mil toneladas, sobre um ano atrás, informa o relatório mensal do Inda. Os volume não incluem aços semiacabados (placas), aços especiais e folhas metálicas, usadas em embalagens.

“Nessa tendência, o montante de material importado deve se manter ou provavelmente superar o de 2022”, afirmou Carlos Loureiro, presidente do Inda. Na sua avaliação, ninguém [importadores] tem mostrado medo da variação do dólar ao decidirem fazer pedidos lá fora. “A entrada de material estrangeiro só não aumenta mais porque o mercado local está muito fraco.”

As principais fontes do material estrangeiro, que entra via vários portos no país, são a China (55% do volume total), Rússia (16%), Áustria (10,6%, com destaque para chapa grossa especial, usadas em tubos de petróleo) e Coreia do Sul (9%).

No momento, os estoques na rede e nos consumidores de aços planos estão baixos. Nesse cenário, as siderúrgicas, como CSN, conseguiram reajustar, no máximo, em 5% os preços no início de maio. A expectativa é que, havendo uma pequena melhora de mercado, a demanda local volte a reaquecer no segundo semestre.

Segundo Instituto Aço Brasil, que reúne fabricantes de todos os tipos de aço, em abril as vendas de laminados no mercado interno recuaram 11,2% — sendo 7,1% em produtos planos e 16,3% em longos. No quadrimestre, a queda média do total foi de 3,9% (-1,8% e 6,7%, respectivamente).

Segundo a entidade, o consumo aparente de aço no mercado brasileiro, em abril, registrou decréscimo de 2,7% em aço plano e 8,4% nos longos. No acumulado de quatro meses o desempenho ainda foi positivo em 1% para produtos planos, mas negativo em 3,6% nos aços longos.

Os aços longos são usados na construção civil e em obras de infraestrutura, além de aplicações industriais. O lançamento de imóveis no país teve forte retração no primeiro trimestre.

Em abril, as vendas de aço no canal de distribuição registraram queda de 0,5%, com 301 mil toneladas, ante um ano atrás. Sobre março, houve decréscimo de 18,7%, segundo o Inda. No quadrimestre, com despachos de 1,28 milhão de toneladas, foi registrada baixa de 0,6% sobre igual período de 2022.

Para maio, a previsão do Inda era que o mês fecharia com melhora no consumo de aço distribuído pela rede, que é formada por empresas independentes e por coligadas das siderúrgicas.

No mercado, a previsão é que os resultados financeiros deste trimestre das siderúrgicas de aços planos serão piores do que os vistos nos balanços do primeiro trimestre em razão da fraca demanda e de preços sem reajustes.

No segundo semestre, a concorrência no país deve ficar mais acirrada com a conclusão da reforma do alto-forno da Usiminas, a entrada da nova linha de produção de aços galvanizados da ArcelorMittal, em São Francisco do Sul, e do fim da parada para manutenção da usina de Ouro Branco, da Gerdau.

Fonte: Grandes Construções