A construção do futuro de cidades mais humanas

Vive-se na contemporaneidade um desejo por um modo de viver conectado, que permita o acesso a bens de consumo e fluxos de informação. São muitas as razões que motivam as pessoas a viverem na cidade, porém, a possibilidade de encontro e troca são fatores que impulsionaram a criação das cidades. No entanto, qual o custo para o planeta deste padrão de consumo e do impacto de tamanha concentração de pessoas?

O modelo urbanístico que vem sendo aplicado possibilita maior acesso, no entanto, reproduz uma lógica de exclusão, segregação e exaustão dos recursos naturais. Considerando que a população que vive em áreas urbanas vai atingir os 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo em 2050, representando 68% da população mundial (segundo relatório divulgado pelas Nações Unidas), como a concentração de pessoas pode ajudar a minimizar o impacto ambiental no planeta e criar sociedades mais justas e igualitárias? Neste momento de transição, é urgente a responsabilização pela forma como habitamos o planeta e o impacto disso.

Diante da necessidade do envolvimento de todos os setores e atores para a criação de outros futuros possíveis, a CBIC criou o programa O Futuro da Minha Cidade, que já passou por mais de 30 cidades no Brasil propondo um movimento de empoderamento da sociedade civil na imaginação e proposição de outros futuros para suas cidades. Como projetar politicas e práticas que criem um futuro melhor para o ser humano e para o planeta?

Para que se possa propor outros futuros, é fundamental compreender as mega tendências globais. O aumento nas áreas urbanas, devido ao crescimento populacional e deslocamento das áreas rurais para as cidades, trará desafios ainda maiores em termos de habitação, produção de energia e alimento, manejo das águas e gestão dos resíduos. Além disso, as mudanças climáticas colocam um cenário de crise. Para enfrentar tais desafios, é fundamental mudar o modelo mental no qual se opera – entendendo as relações a partir da ótica sistêmica, da complexidade, das inteligências coletivas e tecnologias sociais -, desenvolver soluções inovadoras que sejam acessíveis e possam ser democratizadas.

Os eventos de sensibilização do Futuro da Minha Cidade são um primeiro convite à lideranças locais, para que possam abrir o olhar para reconhecer o que deve ser transformado na forma como habitamos as cidades e qual seu papel nessa transformação. Além de serem apresentadas outras lógicas que podem inspirar o urbanismo na contemporaneidade, a palestra inicial instiga a participação das pessoas nessa transição a partir de iniciativas cidadãs relacionadas ao cuidado compartilhado e infra-estruturas sociais (educação, saúde…), mobilidade ativa e limpa, produção de alimento, compostagem do resíduo orgânico, sistemas ecológicos de tratamento de águas cinzas e marrons, produção de energia limpa, soluções de eficiência energética para edifícios, permeabilidade do solo e naturalização dos rios urbanos…

Interessados se organizam então em um Conselho de Desenvolvimento Sustentável para pensar a vocação da sua cidade e então desenhar ações estratégicas e programas para melhoria da cidade em 20 anos – criando assim um modelo de continuidade política das gestões públicas que vem da própria sociedade civil. Reunindo universidades, setor produtivo, cidadãos engajados e movimentos, O Futuro da Minha Cidade é um convite para que cada um de nós se responsabilize e ajude a construir a cidade que queremos viver no futuro.

Quer saber mais? Venha para o 3º Workshop sobre Resultados e Ações Futuras do Projeto, que irá reunir representantes deste movimento de diversas cidades que receberam o evento, as quais irão compartilhar o caminho percorrido até agora e trocar experiências. O Workshop acontecerá nos dias 21 e 22 de março de 2019 em Curitiba, durante o evento Smart Cities, na Expo Barigui.

Fonte: Revista Construa