O setor da construção civil registrou retração de 0,2% no segundo trimestre de 2025 em relação aos três meses anteriores, segundo dados do IBGE analisados pela economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos. O resultado marca o segundo recuo consecutivo, após a queda de 0,6% observada no primeiro trimestre do ano.
De acordo com Ieda, a pressão vem principalmente da taxa de juros, que permanece no nível mais alto em quase duas décadas. “O desempenho reflete os efeitos do crédito caro sobre um setor altamente dependente de financiamentos. Além das grandes obras, o PIB da construção inclui reformas e pequenas intervenções realizadas pelas famílias, que também sentem os impactos da Selic elevada”, destacou.
Apesar do cenário desafiador no curto prazo, a construção ainda mostra resiliência em comparações mais amplas. No acumulado do primeiro semestre, o setor cresceu 1,8% frente a igual período de 2024. No recorte dos últimos quatro trimestres, o avanço foi de 3,6%, e em relação ao segundo trimestre do ano passado houve alta de 0,2%.
Os números também se refletem no mercado de trabalho. Segundo dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho, a construção civil gerou 177.341 novos empregos formais entre janeiro e julho de 2025, ultrapassando a marca de três milhões de trabalhadores com carteira assinada — patamar que não era registrado há mais de dez anos.
