O mercado de locação de equipamentos na América do Norte deve fechar 2025 em ritmo mais lento do que o esperado, pressionado pela queda da construção residencial, pelas taxas de juros elevadas e pela instabilidade no comércio internacional.
Na semana passada, a American Rental Association (ARA) reduziu sua previsão de crescimento para os Estados Unidos de 4,2% para 3,9% e, para o Canadá, de 3,4% para 3,2%. “O crescimento das receitas está diminuindo este ano em relação a 2024, assim como a inflação”, explicou Scott Hazelton, diretor-gerente da S&P Global, responsável pela compilação dos dados.
No caso canadense, Hazelton destacou que o país mantém expansão, mesmo com pressões inflacionárias, mas a recuperação mais consistente só deve ocorrer a partir de 2027 e 2028.
Construção residencial em queda e impacto direto no setor
A retração do mercado imobiliário tem sido o principal desafio. Com financiamentos caros e inflação persistente, o número de novas casas caiu, reduzindo a demanda por locação e direcionando o foco para projetos de infraestrutura e indústria.
Em junho, o Ashtead Group, dono da Sunbelt Rentals, registrou queda de 5% nos lucros antes dos impostos, atribuindo o resultado às “condições difíceis de mercado” e à queda na venda de usados. Ainda assim, a receita de locação subiu 4%, chegando a US$ 9,9 bilhões, sustentada por divisões especializadas e expansão nos EUA. A companhia projeta crescimento modesto, entre 0% e 4%, no ano fiscal de 2026, além de corte de quase metade nos investimentos.
A United Rentals também apresentou recorde no segundo trimestre, com US$ 3,42 bilhões em receitas de aluguel, e revisou sua projeção anual para cima. Porém, o CEO Matthew Flannery alertou que os custos elevados de financiamento seguem pressionando o setor residencial, enquanto tarifas e tensões comerciais podem encarecer os equipamentos.
Políticas públicas e incentivos ao investimento
A lei “One Big Beautiful Bill” tem sido um alívio para o setor ao ampliar a dedutibilidade de juros, incentivar a produção doméstica e permitir dedução total das despesas com compra de equipamentos. Segundo Tom Doyle, da ARA, os fabricantes já percebem aumento das vendas para locadoras e acreditam que a tendência seguirá até 2026.
Hazelton, no entanto, pondera: “Esses incentivos antecipam investimentos, mas o mercado geral não está crescendo tão rápido quanto se esperava”.
Produção doméstica e cadeias mais seguras
As mudanças geopolíticas e os gargalos logísticos estimularam políticas de fortalecimento das cadeias internas. No Canadá, os esforços incluem derrubar barreiras comerciais entre províncias e acelerar grandes projetos de recursos naturais e infraestrutura, com o objetivo de reduzir a dependência dos EUA.
“Os governos estão priorizando o que conseguem controlar, aprovando projetos em prazos mais curtos para garantir crescimento interno”, explicou Arlene Kish, economista da S&P Global.
Utilização de equipamentos segue estável
Apesar da incerteza, as taxas de utilização permaneceram firmes. Para Doug Dougherty, CEO da Cooper Equipment Rentals, o mercado canadense reagiu após um início lento em 2025, trazendo perspectivas positivas para o segundo semestre.
Nos EUA, o quadro é semelhante, sustentado pela demanda industrial e de construção. Segundo a ARA, os equipamentos pesados e industriais continuarão sendo a base do setor, com receita estimada de US$ 63,8 bilhões em 2025, contra US$ 17,1 bilhões das ferramentas gerais.