O Instituto Aço Brasil revisou suas projeções para a indústria do aço em 2025, impactado pela crescente onda de importações, classificadas como desleais, e pela intensificação das disputas comerciais globais que ampliam a instabilidade do setor.
Com base no desempenho dos sete primeiros meses do ano, a entidade prevê queda de 0,8% na produção, chegando a 33,6 milhões de toneladas, enquanto as importações de laminados devem disparar 33,2%, alcançando 6,3 milhões de toneladas. Em dezembro de 2024, a estimativa era de retração de 0,6% na produção e de alta de 11,5% nas importações, números que se mostraram bem abaixo da nova realidade.
Também foram revistas as projeções para o mercado interno: as vendas devem cair 0,6% (antes a previsão era de -0,8%), enquanto o consumo aparente deve subir 5%, puxado principalmente pelas importações — percentual bem superior ao avanço de 1,5% previsto inicialmente. No comércio exterior, a expectativa para as exportações foi reduzida de crescimento de 2% para apenas 1%. Somando importações diretas e indiretas, o volume pode chegar a 12,4 milhões de toneladas, sendo a China o maior fornecedor e já o principal destino ocidental do aço chinês.
Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto, ressalta que, mesmo com o mecanismo Cota-Tarifa implementado pelo governo em junho de 2024 e ampliado em 2025 — que estabelece tarifa de 25% e cotas para até 16 produtos —, a concorrência predatória persiste. “O volume de importações desleais de aço laminado deve ser três vezes maior que a média histórica. Essa concorrência rouba o equivalente a um terço do mercado nacional e ameaça toda a cadeia produtiva”, alerta.
Na mesma linha, André Johannpeter, presidente do Conselho Diretor do Instituto, reforça a gravidade do cenário. “Vivemos os efeitos de um mercado global desequilibrado pelas importações desleais. O Brasil precisa acionar com mais eficácia seus instrumentos de defesa comercial. Está em risco a capacidade de investir, inovar e gerar empregos da cadeia do aço e da metalmecânica, fundamentais para o desenvolvimento e a segurança nacional”, destaca.